A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, comentou, esta sexta-feira, o que se vive nos últimos dias com os desacatos na Área Metropolitana de Lisboa, sendo também questionada sobre o cenário de sábado, quando duas manifestações vão sair à rua.
"Portugal será dilacerado pelo discurso de ódio, pelo incitamento ao crime que é feito por líderes parlamentares e deputados, ou será um país unido pelo respeito. Essa é a decisão que temos de fazer", afirmou, quando questionada pelos jornalistas, em Lisboa.
"Ou somos um país que nos reconhecemos enquanto um povo, o mesmo povo, e que garantimos que a lei é igual para todos e que nos respeitamos a todos e que não abandonamos ninguém - ou então estamos à mercê do discurso de ódio. Essa é a grande escolha que fazemos [nos dias de] hoje", distingiu.
Mariana Mortágua pediu que houvesse uma "resposta muito firme" perante as palavras do líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, que esta semana disse que "se calhar, se [os polícias] disparassem mais a matar, o país estava mais na ordem".
"Na prática, incentivou à prática de crimes", indicou, lembrando as palavras proferidas por Pedro Pinto, que a par do líder do partido, André Ventura, poderá vir a ser alvo de uma queixa-crime por parte do Ministério Público - depois de ter sido apresentada uma proposta por parte de vários subscritores.
"Não é assim que conseguimos pacificar o nosso país. É garantindo o respeito por toda a gente e pela lei, que deve ser igual para todos, incluindo para o líder parlamentar do Chega", rematou, quanto a este assunto.
O líder do Chega já reagiu a esta situação, anunciada esta sexta-feira, dizendo que não será com uma queixa que "vão calar" o Chega, ou ao próprio. André Ventura afirmou que esta eventual queixa era "uma coisa sem nenhum sentido e sem nenhum cabimento num momento em que a justiça está entupida de trabalho".
Ventura apontou ainda que achava "estranho que uma antiga ministra estivesse entre os subscritores de uma queixa-crime por delito de opinião". Entre as subscritores da queixa-crime está a antiga ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, João Maria Jonet, Daniel Oliveira e Pedro Marques Lopes.
Leia Também: BE e PCP saúdam queixa-crime contra declarações de Ventura e Pedro Pinto