PSD, Chega, IL e CDS-PP saúdam evocação mas com argumentos diferentes

PSD, Chega, IL e CDS-PP saudaram hoje a evocação parlamentar inédita do 25 de Novembro de 1975, com os sociais-democratas a defenderem que a data une e o Chega a considerar que este "é o verdadeiro dia da liberdade".

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© PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP via Getty Images

Lusa
25/11/2024 13:09 ‧ há 2 horas por Lusa

Política

25 Novembro

Na primeira sessão solene evocativa do 25 de Novembro na Assembleia da República, os aplausos ao general Ramalho Eanes, presente na tribuna reservada às mais altas figuras do Estado, foram uma constante nas intervenções das bancadas à direita, com a primeira grande ovação a surgir após a referência do líder parlamentar do CDS-PP, Paulo Núncio, o segundo partido a intervir na sessão.

 

Pelo PSD, o vice-presidente da bancada Miguel Guimarães defendeu que esta data "simboliza o triunfo da moderação sobre o extremismo", que deve unir e não dividir o parlamento.

"Comemorar o 25 de Novembro não é para apoucar ou tentar diminuir o 25 de Abril, o que seria absurdo e condenado ao fracasso", afirmou, considerando que foi esta data que permitiu aos portugueses concretizar "a verdadeira promessa da Revolução de Abril: a liberdade".

Já André Ventura destacou, numa referência a esta cerimónia inédita, que "uma nova maioria [parlamentar] permitiu que se dissesse que, sem esquecer o 25 de Abril, este é o verdadeiro dia da liberdade de Portugal".

Centrando depois o seu discurso na atualidade, o líder do Chega disse que Portugal vive hoje com a "ameaça da imigração descontrolada".

Afirmando que há 49 anos "o país enfrentava uma guerra civil, com ameaça à sua segurança real e diária", Ventura considerou que atualmente "os bairros à volta de Lisboa e do Porto apresentam novas ameaças e novos desafios, com o país a preferir dar razão a bandidos do que às forças de segurança".

Estas afirmações levaram vários deputados do PS a sair da sala das sessões da Assembleia da República, entre os quais Isabel Moreira, André Rijo, João Paulo Correia, António Mendonça Mendes ou Pedro Vaz, que regressaram quando terminou a intervenção de André Ventura.

O presidente do Chega considerou também que hoje a ameaça não é "dilaceração do Estado pela ditadura soviética", mas sim "pela corrupção que Abril criou", e disse que Portugal precisa "de uma melhor democracia", sustentando que "precisa novamente desse espírito do 25 de Novembro, sem medo".

Ventura questionou ainda que o parlamento vá homenagear o antigo Presidente da República Mário Soares com uma sessão solene -- a 06 de dezembro -- e não o faça também para os ex-combatentes.

Pela Iniciativa Liberal, o presidente Rui Rocha defendeu que a falta de consenso à volta do 25 de Novembro não deve impedir o parlamento de o comemorar.

"Ramalho Eanes e Mário Soares não procuraram consensos com aqueles que não amavam a liberdade. Procuraram afirmar a visão do país da democracia e da liberdade e é isso que hoje aqui celebramos", defendeu.

Para Rui Rocha, a realização desta cerimónia representa "uma nova derrota daqueles que foram derrotados no 25 de Novembro", lamentando que tenham sido precisos 49 anos para que esta cerimónia pudesse acontecer.

Para o futuro, defendeu que continua a ser necessário "combater radicalismos em nome da liberdade", criticando quer o 'wokismo' -- que classificou como "deriva totalitária que quer enfiar todos em gavetas" -- quer os nacionalismos exacerbados.

O líder parlamentar do CDS-PP defendeu que o que se celebra hoje "não é uma contra revolução e muito menos uma restauração", mas sim "a coerência do 25 de Novembro com o 25 de Abril" e considerou que Abril "abriu um caminho" e Novembro "impediu que esse caminho se fechasse".

"Novembro não se fez contra Abril, Novembro fez-se contra a apropriação ilegítima de Abril" e completa essa data, disse Paulo Núncio.

Tanto Núncio como Miguel Guimarães criticaram a ausência do PCP e da maioria da bancada do BE da sessão, defendendo que nesta data se celebra o "direito de todas as forças políticas estarem aqui, por vontade do povo".

A realização de uma sessão solene anual para assinalar esta data no parlamento -- em moldes semelhantes à do 25 de Abril - foi proposta pelo CDS-PP e aprovada por PSD, Chega e IL, com a abstenção do PAN e votos contra dos restantes partidos à esquerda.

Os acontecimentos do 25 de Novembro, em que forças militares antagónicas se defrontaram no terreno e venceu a chamada ala moderada do Movimento das Forças Armadas (MFA), marcaram o fim do chamado Período Revolucionário em Curso (PREC).

Leia Também: PS avisa para "reabertura de feridas há muito saradas", BE em "disparate"

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