A socialista Ana Gomes acusou o presidente da Assembleia da República (AR) de contribuir para a "total impunidade" dos "atropelos contra a Democracia" que o Chega tem cometido, como foi o caso dos pendões colocados, na passada sexta-feira, durante o debate do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), nas janelas do Parlamento.
No seu espaço de comentário político de domingo à noite, na SIC Notícias, a antiga eurodeputada defendeu que o que aconteceu na passada semana foi "o que é já habitual no conjunto de arruaceiros que compõem o Chega" e que Aguiar-Branco foi novamente "muito fofinho", o que incentiva o partido liderado por André Ventura.
"O Chega vive em total impunidade. Aliás, foi criado em total impunidade", atirou Ana Gomes, recordando que foi "uma das pessoas que pôs em causa os pressupostos da legalização" do partido, logo na altura em que foi criado.
"O Chega tem cometido diversos atropelos contra a Democracia, inclusivamente não apresenta contas do seu financiamento, não identifica quem são os seus contribuintes, em violação da lei, com total impunidade", lembrou ainda.
Para a antiga embaixadora, o presidente da AR devia - porque "tem autoridade para isso" - "ter ido bater às portas exigindo a retirada das bandeiras" e não chamar os bombeiros para parar com mais esta "arruaça" do Chega.
"Chamar os bombeiros foi fazer o jogo do Chega, do circo indecuroso - o que aliás, é ofensivo para os palhaços, que não merecem ser comparados com o Chega", realçou.
E quem também ajuda a esta "impunidade" é, se acordo com Ana Gomes, Marcelo Rebelo de Sousa. "O Presidente da República também tem muita responsabilidade nos desmandes do Chega, apelou ao bom senso e deu uma Jo Soares: 'não me compremeta'", brincou a comentadora da SIC Notícias.
Sobre o tema que levou ao protesto do Chega, o aumento dos salários dos políticos, Ana Gomes assegurou que "se queremos ter políticos sérios e competentes temos de lhes pagar como deve ser, senão estamos a convidar à corrupção".
Já sobre o OE2025, Ana Gomes sublinhou que este é, praticamente, de continuidade.
"Não muda muito e sobretudo não muda onde precisava de mudar. Precisávamos de medidas económicas que transformassem o perfil da nossa economia, que criassem valor acrescentado, que trouxessem investimento para esses setores - digital, industria tecnológicas, etc - sem estarmos continuamente atidos de salários baixos, que é o que caracteriza a nossa economia", afirmou, lembrando que, na semana passada, tivemos "indícios preocupantes, como a estagnação da economia"
Leia Também: Chega retira pendões da fachada da AR após chegada de Bombeiros Sapadores