O requerimento do PS vai ser votado na terça-feira na Comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto.
O Ministério da Cultura, liderado por Dalila Rodrigues, exonerou, na sexta-feira, a presidente da Fundação CCB, Francisca Carneiro Fernandes, no cargo há menos de um ano, anunciando a nomeação para o cargo de Nuno Vassallo e Silva e justificando a decisão com a "necessidade de imprimir nova orientação à gestão da Fundação CCB, para garantir que a fundação assegura um serviço de âmbito nacional, participando num novo ciclo da vida cultural portuguesa".
No requerimento do grupo parlamentar do PS, no qual é pedido a audição de Dalila Rodrigues "com caráter de urgência", lê-se que os socialistas querem saber em "que nova orientação e rumo irá assentar o CCB, uma vez que no último ano é reconhecido pelo setor, trabalhadores e agentes culturais o impulso que o CCB teve".
"Para tal, muito contribuiu a definição de uma política cultural assente nas artes e na visão de tornar o CCB um palco do país com projeção internacional assente quer na concretização do [Museu de Arte Contemporânea] MAC/CCB, quer pela aposta de aproximar as artes plásticas das artes performativas, com resultados positivos em apenas um ano de implementação, seguindo as diretrizes dos objetivos da direção e conhecidos de todos", defende o grupo parlamentar do PS.
Recordando que as nomeações são uma opção do Governo e que podem "ser assentes em critérios exclusivamente políticos e da responsabilidade da tutela", os deputados do PS entendem que "cumpre aferir o que se pretende para o futuro do CCB e para a política cultural de apoio às artes que fica uma vez mais em causa com as opções que estão a seguidas e que estão a causar inquietação no setor e agentes culturais".
A Comissão de Trabalhadores do CCB lamentou a exoneração de Francisca Carneiro Fernandes, horas depois de ter sido anunciada, recordando a "abertura de diálogo" e a "reestruturação fundamental" que empreendeu ao longo do ano em que esteve em funções.
Entretanto, no sábado, foi divulgada uma petição em forma de carta aberta dirigida ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, a exigir explicações sobre a exoneração de Francisca Carneiro Fernandes.
A petição 'online' reunia, pelas 15:30 de hoje, mais de 1.500 assinaturas, incluindo as de Aida Tavares, diretora artística para as artes performativas do CCB, e Nuria Enguita, diretora artística do MAC/CCB, o antigo administrador do CCB Miguel Lobo Antunes, entre muitos outros.
Os deputados referem ainda que estas "manifestações públicas, de trabalhadores e sindicatos, mas também de profissionais de todo o meio artístico" reforçam convicção "de que é preciso saber mais sobre o que pensa e quer o Governo para o futuro das artes performativas, das artes palco e da arte contemporânea".
Francisca Carneiro Fernandes, contactada pela agência Lusa na sexta-feira, mostrou-se "surpreendida com a decisão" da qual foi informada na tarde do próprio dia.
"Tenho pena, acho que estávamos a fazer um bom trabalho que lamento não conseguir continuar", disse Francisca Carneiro Fernandes, que tinha tomado posse em dezembro de 2023, nomeada pelo anterior ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, e substituído na altura Elísio Summavielle.
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