O líder do Chega, André Ventura, responsabilizou o fundador do PS e figura central do Portugal democrático, Mário Soares, por uma "descolonização desastrosa" e acusou-o de marcar uma "cultura de absoluta impunidade" no país.
"Ficou célebre a frase de Mário Soares após ser apanhado numa multa de trânsito a 199 quilómetros por hora, perdoem-me por recordá-la: 'Não se preocupem, o Estado paga'. É este 'Estado paga' que marcou e marca uma cultura de absoluta impunidade, apropriação do dinheiro público que nós, os portugueses e o país não deve aceitar", atirou Ventura na sessão solene evocativa do centenário de Mário Soares na Assembleia da República.
André Ventura referiu também o histórico líder socialista como "cúmplice" de um processo de "descolonização desastrosa e desumana" em que Portugal "abandonou as colónias".
"'Atirá-los aos tubarões'. A frase de 1997 marcou uma geração empenhada também na sua liberdade. Atirar os brancos aos tubarões, atirá-los nas províncias para aqueles que resistiam a uma descolonização mal feita e a um império que se perdia definitivamente. Àqueles que lá estavam ainda a lutar porque tinham sido abandonados por aqueles que governavam Portugal", afirmou o líder do Chega.
Numa referência aos imigrantes provenientes colónias, que "depois faziam as malas para virem cá viver", Ventura disse que Portugal não pode ser "branqueado" de responsabilidade.
"Muitos voltando ao país contra o qual lutaram e à capital que quiseram um dia incendiar. Voltam agora como voltam para toda a Europa. Não podemos, nem depois de morrer nem cem anos depois de nascer, ser branqueados na nossa responsabilidade. Falhámos aos retornados, às colónias e ex-combatentes. Mário Soares também é responsável por isso mesmo", acrescentou.
A Assembleia da República evoca esta sexta-feira a figura do histórico dirigente socialista Mário Soares, que no sábado faria cem anos, com o mesmo modelo da sessão que assinalou o 25 de Novembro de 1975, com honras militares e encerrada pelo Presidente da República.
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