"Os documentos em discussão, consensualizados entre a empresa e as seis Câmaras Municipais que são acionistas da STCP (Porto, Gaia, Gondomar, Matosinhos, Maia e Valongo), insiste na manutenção de estrangulamentos e problemas do serviço, que tendem a agravar-se na próxima década", pode ler-se num comunicado da Direção da Organização Regional do Porto do PCP enviado à Lusa.
No texto, os comunistas salientam três aspetos "particularmente negativos", entre os quais "a persistência da redução da STCP ao concelho do Porto, mantendo a limitação da sua operação nos concelhos limítrofes".
Para o PCP, "os problemas de operação da rede Unir confirmam o caminho errado seguido pela Área Metropolitana do Porto (AMP) e pelas autarquias ao recusarem o progressivo alargamento da STCP com vista à sua consolidação como operador interno da AMP".
Outro aspeto que o PCP considera negativo é "o caminho do endividamento da empresa (e dos municípios que são os seus acionistas) para renovação de frota", recordando o partido que "a opção pela intermunicipalização da STCP foi criticada pelo PCP, que considerava um caminho para a desresponsabilização do governo, que levaria ao endividamento das autarquias".
"O contrato em discussão confirma esse caminho, com perspetiva de endividamento da empresa para responder às necessidades de renovação de frota, levando a que dinheiro público, que deveria servir para a garantia do serviço público de transportes, acabe por ser canalizado para pagamento de juros decorrentes do recurso à banca", consideram os comunistas.
Por fim, o PCP denuncia "condições de operação e trabalho cada vez piores, que conduzirão à degradação do serviço prestado", apontando que "há falta de autocarros e de motoristas para responder às necessidades de serviço na rede atual".
"Provam-no os milhares de serviços que anualmente falham por falta de motoristas, as centenas de horas extra que os motoristas têm que fazer, as carreiras que funcionam com autocarros permanentemente sobrelotados por escassez de veículos face à procura", refere o partido.
Para o PCP, esta situação "só tenderá a piorar com as limitações financeiras das autarquias para o investimento necessário, mas também com a política salarial assumida pela STCP onde a opção pelos baixos salários tem levado a crescentes dificuldades de recrutamento de trabalhadores".
"A STCP é o operador público de transporte rodoviário da AMP, com condições de serviço que nenhum outro operador tem. O caminho que está a ser feito é para a sua consolidação como uma espécie de operador do concelho do Porto, com autocarros sobrelotados e crescentes falhas de serviço", refere.
Em conclusão, o PCP defende que "o caminho que serve a AMP e as suas populações é o progressivo alargamento da STCP, salvaguardando a qualidade, fiabilidade e conforto do seu serviço, valorizando e respeitando os seus trabalhadores".
De acordo com o documento, a que a Lusa teve acesso, os municípios do Porto, Vila Nova de Gaia, Matosinhos, Gondomar, Maia e Valongo vão desembolsar, ao longo de 10 anos, 334.067.854,22 euros à transportadora.
Atualmente, a STCP tem o seu capital dividido entre o Porto (53,69%), Vila Nova de Gaia (12,04%), Matosinhos (11,98%), Maia (9,61%), Gondomar (7,28%) e Valongo (5,4%).
O contrato prevê três cenários de implementação da rede de serviços da STCP, baseados nos investimentos feitos pelo Metro do Porto já implementados ou que aguardam a conclusão de obras.
A STCP está a estudar também a criação de uma rede intermunicipal suburbana entre concelhos que não o Porto e a união dos serviços de metrobus da Boavista e do Aeroporto, no âmbito do contrato.
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