A Juventude Socialista (JS) tem este fim de semana, no seu 24.º Congresso Nacional, na Nazaré, a primeira disputa em 18 anos para a sua liderança uma vez que se apresentam dois candidatos ao lugar que vai ser deixado pelo ainda secretário-geral da estrutura, o deputado Miguel Costa Matos.
O eurodeputado Bruno Gonçalves e a secretária nacional da JS Sofia Pereira apresentam-se a esta corrida eleitoral e responderam, por escrito, às mesmas perguntas da Lusa sobre presidenciais, a atuação do atual Governo na Juventude ou a liderança de Pedro Nuno Santos.
Sobre a decisão do Governo liderado por Luís Montenegro de criar um Ministério da Juventude e Modernização, ambos os candidatos consideram que esta decisão foi positiva, criticando, no entanto, os efeitos reais da mesma devido às medidas tomadas.
"A promessa de compromisso com os jovens tem ficado aquém, e a realidade tem sido mais um eco vazio do que uma mudança real", condena Sofia Pereira, que propõe um "plano de aumento e dignificação dos salários brutos dos jovens" e critica a inexistência de uma Secretaria de Estado para o Ensino Superior.
Já Bruno Gonçalves defende que "ainda que a subida a ministério seja motivo de elogio", o impacto é "menor porque falta uma estratégia coerente para aumentar os salários dos jovens", apontando ainda o dedo à isenção do IMT que apesar de "bem-intencionada foi, como era expectável, subvertida".
Sobre as eleições presidenciais de 2026, Bruno Gonçalves defende que, depois de 20 anos com figuras de direita no Palácio de Belém, "o PS deve ambicionar uma vitória nesta eleição" e "tem de apresentar-se firme e unido, definindo um candidato indiscutível já no início do próximo ano".
"O PS, a JS e todos os progressistas em Portugal devem procurar avançar com uma candidatura única já no primeiro trimestre do próximo ano", afirma.
Sofia Pereira aponta quadros de enorme competência dentro do partido e remete uma posição da JS para a sede própria, mas, em termos pessoais, enfatiza que "Mário Centeno é uma figura que já demonstrou repetidamente ao país o seu profundo sentido de Estado e a sua competência".
Instados a avaliar a atual liderança de Pedro Nuno Santos, ambos elogiam o rumo que o secretário-geral tem seguido.
"O PS tem demonstrado que sabe bem para onde quer ir e afasta os caminhos que não queremos trilhar. Um partido que se mantém forte, unido e fiel aos valores que nos regem, não esquecendo a responsabilidade demonstrada tanto pelo partido como pelo secretário-geral", refere Sofia Pereira.
Por seu turno, Bruno Gonçalves lembra que Pedro Nuno assumiu a liderança do PS "num contexto inesperado e mediaticamente desfavorável" e conseguiu uma vitória das europeias, defendendo que a avaliação dos portugueses sobre a atuação do PS e do seu líder, "num contexto particularmente difícil, tem sido favorável".
Sobre as recentes polémicas com os presidentes socialistas das câmaras de Loures ou Alpiarça sobre apoios sociais, Sofia Pereira refere que no PS repudia "o discurso populista ou de ódio que caracteriza partidos como o Chega".
"O nosso papel, como partido democrático, não é entrar na lógica da radicalização ou da polarização, nem ceder à cultura do cancelamento, mas sim trabalhar para dar respostas reais às ansiedades e frustrações das pessoas. E isso faz-se com políticas concretas, não com discursos fáceis", afirma a candidata.
Já Bruno Gonçalves considera que no PS "se juntam pessoas com diferentes sensibilidades políticas, sem que estas sejam diametralmente opostas", mas ressalva que "todos os eleitos em representação do PS estão responsáveis por defender um legado histórico, onde se incluem valores fundamentais que são inegociáveis", como a dignidade humana e o estado de direito.
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