A Polícia de Segurança Pública (PSP) fez, esta quinta-feira à tarde, uma "operação especial de prevenção criminal" na zona da Praça do Martim Moniz, em Lisboa, que durou cerca de duas horas e terminou com dois homens detidos, um por tráfico de droga e posse de arma proibida e um segundo suspeito de pelo menos oito crimes de roubo
As imagens da operação transmitidas pelas televisões e que começaram a circular nas redes sociais mostraram várias pessoas a serem revistadas, na rua, pela polícia.
Algo que deixou os partidos de Esquerda "chocados" e "preocupados" com a atuação das autoridades, levando-os a pedir explicações à ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, e ao comando da PSP.
Partidos "preocupados" condenam "alarme social"
O primeiro partido a reagir à operação foi o Bloco de Esquerda, requerendo a audição da ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, no Parlamento para esclarecer a operação policial no Martim Moniz, considerando-a inadequada, desproporcional e passível de criar "alarme social".
Seguiu-se o PCP, pela voz do deputado António Filipe, afirmando que "as imagens causam alguma preocupação" e questionando a "adequação da operação".
À semelhança do BE, os comunistas também pediram justificações ao Governo e querem saber porque é que a polícia atuou "assim e não de outra maneira" - para poderem "avaliar se essa atuação foi adequada".
Do lado do Livre, Rui Tavares considerou que "é muito importante" que as autoridades policiais e a tutela política esclareçam se estas operações "têm uma real razão de existir ou se servem apenas para responder à extrema-direita".
"Evidentemente que estamos com muita vontade de ouvir todas as explicações sobre se estas operações são realmente necessárias", disse Rui Tavares, confirmando que requer a audição da ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, no Parlamento.
No X (ex-Twitter), uma das fotografias que mostra dezenas de pessoas encostadas a uma parede no Martim Moniz, perante a presença policial, está a ser partilhada por vários comentadores de política e deputados de Esquerda. Uma das personalidades que partilhou a imagem é a socialista Isabel Moreira que, nessa publicação, dirige-se diretamente ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, e pergunta: "Em que década do século 20 estamos?".
Operacao “preventiva” no Martim Moniz? Pessoas de costas contra a parede ?Em que década do século 20 estamos, @LMontenegropm ? pic.twitter.com/VpXAijSJUq
— Isabel Moreira (@IsabelLMMoreira) December 19, 2024
Montenegro desvaloriza polémica. "Importante que operações decorram"
A partir de Bruxelas, onde participou na primeira reunião do Conselho Europeu presidida por António Costa, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, desvalorizou a polémica e afirmou que "muitas vezes não é preciso que haja muitos crimes para que as pessoas se sintam inseguras".
O primeiro-ministro sublinhou que "quanto maior for a capacidade fiscalizadora e, portanto, a capacidade de tranquilizar os cidadãos demonstrando-lhes que a preocupação de segurança está assumida como prioridade, melhor. Porque a segurança tem um duplo conteúdo para formar aquilo que é a tranquilidade dos cidadãos".
As explicações da PSP
Logo no início da operação, a PSP emitiu um comunicado a explicar que o Martim Moniz tem sido, nos últimos tempos, uma "área onde frequentemente se registam ocorrências que envolvem armas" e, por isso, avançaram com esta "operação especial" para "alavancar a segurança e tranquilidade" da população da freguesia de Santa Maria Maior.
No final da operação, por volta das 17h00, a subcomissário da PSP Ana Ricardo anunciou que tinha sido detido um homem, por posse de droga e arma proibida, apreendidos "perto de uma centena de artigos contrafeitos e cerca de 4.600 euros em numerário derivado de contrafação" e que vários imigrantes foram fiscalizados para se confirmar se tinham ou não a documentação em dia.
Questionada pelos jornalistas sobre se a PSP iria voltar a fazer uma operação deste género, Ana Ricardo afirmou não ter ainda qualquer indicação, mas garantiu que estarão "sempre muito atentos a todos os fenómenos criminais" para transmitir à população um "sentimento de segurança".
[Notícia atualizada às 00h01]
Leia Também: PCP quer explicações sobre PSP no Martim Moniz. "Imagens preocupam"