O auditório da Casa Municipal da Cultura de Coimbra foi pequeno para o número de pessoas que procurou estar presente no debate, em que participaram a deputada do PS e ex-ministra Ana Abrunhosa, o coordenador do movimento Cidadãos por Coimbra, Jorge Gouveia Monteiro, os cabeças de lista pelo Livre e pelo PAN nas últimas legislativas pelo círculo de Coimbra, Clara Cruz Santos e João Fontes da Costa, respetivamente, e a professora catedrática Helena Freitas.
A primeira intervenção coube ao presidente da concelhia socialista, Ricardo Lino, que deu o mote para a conversa, defendendo um "movimento de agregação de ideias e de pessoas, sem exceções ou reservas", e uma abertura do partido à sociedade para reconquistar a Câmara de Coimbra nas eleições autárquicas deste ano, depois de as ter perdido em 2021 para a coligação Juntos Somos Coimbra, liderada por José Manuel Silva.
"Há muito mais aquilo que nos une do que aquilo que nos separa", afirmou Ricardo Lino.
A cabeça de lista pelo círculo de Coimbra pelo PS nas legislativas de 2024, Ana Abrunhosa, disse estar a refletir sobre a possibilidade de ser candidata à Câmara de Coimbra, afirmando que o diálogo feito no debate "é muito importante" para essa reflexão.
"Não me sinto forçada nem sinto que o PS se sente forçado para este diálogo", afirmou, admitindo que estava nervosa naquela noite, por sentir "o peso da responsabilidade".
Para Ana Abrunhosa, "Coimbra não é um concelho qualquer", apontando para a necessidade de uma governação participada, transparente e dialogante, resgatando uma ideia de Jorge Gouveia Monteiro - "a ética da governação".
Ao longo da sua intervenção e apesar de ainda não ser candidata, a ex-ministra elegeu a necessidade de assegurar qualidade de vida em Coimbra como principal prioridade, defendendo também a capacidade de o concelho atrair empresas e fixar pessoas - "mas não a qualquer custo".
Um corredor verde entre a Alta e a Baixa ciclável e pedonal, um bairro de inovação na Baixa de Coimbra, a aposta na cultura e uma abordagem transversal à saúde foram algumas das ideias que Ana Abrunhosa deixou em cima da mesa e, apesar de estar em "processo de reflexão", desafiou Helena Freitas a ser sua mandatária.
O desafio criou algum burburinho na sala, com Ana Abrunhosa a provocar a plateia: "Querem mais transparência que isto?".
"Estarei convosco na condição que a Ana entenda. Se me quiser mandatária, terei muito gosto em ser a sua mandatária", disse Helena Freitas, na resposta, considerando que Coimbra teria uma "sorte extraordinária" com a ex-ministra liderando uma "ampla coligação" na Câmara Municipal.
Na plateia, alguém comentou: "acabou a reflexão".
Em declarações aos jornalistas no final do evento, a ex-ministra disse que a decisão será tomada em breve, mas que a mesma será comunicada pelo PS.
Apesar de ainda nada ser oficial - nem candidatura nem coligação -, Jorge Gouveia Monteiro já falava do PS como um "grande navio" e as restantes forças como "botes mais pequenos", que assumiam o papel de "coadjuvantes da navegação".
Também Clara Cruz Santos e João Fontes da Costa defenderam a importância de projetos agregadores e coletivos.
O debate, intitulado "Coimbra, de Conservadora a Progressista", foi promovido pelo clube de política Coimbra Progressista, criado em 2022, e foram convidados partidos e forças que a organização "entendeu serem progressistas", contou um dos membros do clube, Hernâni Caniço, explicando que "outras forças políticas de esquerda" recusaram o convite, sem as nomear.
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