Durante o debate quinzenal com o primeiro-ministro, na Assembleia da República, Luís Montenegro rejeitou ainda a abertura de concursos públicos para escolher administrações hospitalares, defendida pelo BE.
Depois de uma primeira parte da sua intervenção dedicada à situação na Faixa de Gaza, Mariana Mortágua trouxe a debate o tema da saúde, afirmando que o Governo escolheu como prioridade a redução dos tempos de espera para a cirurgia, nomeadamente oncológica.
A coordenadora do BE alegou que o executivo deu duas instruções aos hospitais para "defender a sua imagem".
"Primeiro, um exemplo. Um doente que é visto hoje, 05 de fevereiro, tem uma sala disponível para uma cirurgia a 15 de março. A instrução que é dada é para só ser inscrito no sistema a 01 de março, ou seja, tempo de espera oficial, 15 dias, tempo de espera real, 45 dias. E assim se reduz o tempo de espera para a cirurgia", acusou.
A bloquista alegou ainda que o Governo deu indicações para que os hospitais "em vez de agendarem as salas de cirurgia ao ritmo a que as salas ficam disponíveis e à entrada de doentes urgentes que têm que ser imediatamente agendados, agendem todos os doentes em todas as salas, todos os dias, com meses de avanço, mesmo sabendo que muitos desses doentes vão ser desmarcados porque vão entrar doentes urgentes para o seu lugar".
"E portanto, o senhor primeiro-ministro prometeu um plano para salvar o SNS e pôs em prática um plano para salvar a ministra da Saúde, que não consegue salvar o SNS nem apresentar nenhuma medida para o efeito", acusou Mariana Mortágua, que disse estar em causa uma "manipulação de parâmetros".
Na resposta, Luís Montenegro disse desconhecer as orientações alegadas pela bloquista, e considerou "muito difícil que elas tenham sido colocadas nos termos" que a deputada apresentou.
"As instruções que nós demos foram para agendar e agendar o mais rápido possível e executar o agendamento. Essa é a instrução que os serviços têm e por isso é que os tempos de espera para cirurgia, como aliás para consultas, estão a diminuir", defendeu.
O primeiro-ministro acrescentou que "no caso da cirurgia oncológica, o número de pessoas que já foi intervencionado é muito maior do que no mesmo período homólogo do ano anterior" e que "assim vai continuar".
Contudo, Luís Montenegro salientou que o SNS tem "uma capacidade limitada", quer seja em termos de blocos cirúrgicos, ou em recursos humanos, recorrendo por vezes ao setor privado e social para diminuir tempos de espera.
"Mas isso é uma coisa contra a qual a senhora deputada se manifesta", criticou.
Mariana Mortágua interrogou ainda Montenegro sobre se defende ou não de concursos públicos para as administrações hospitalares, ideia que o chefe do executivo rejeitou.
"Eu defendo o cumprimento da lei, não vejo necessidade de a estar a alterar agora, mas se chegarmos à conclusão que é preciso ter melhores instrumentos, fá-lo-emos. Acho que o concurso público não é a solução, nós precisamos de administrações hospitalares que estejam vinculadas àquele que é o desígnio próprio da instituição e às orientações políticas do Governo", considerou Luís Montenegro.
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