O socialista João Soares voltou a defender uma possível candidatura de António José Seguro à Presidência da República, dizendo que não "tem dúvida nenhuma" de que o socialista seria capaz de unir o partido, assim como a Esquerda. Soares disse ainda que não concorda com o método com o qual o PS vai escolher o candidato das eleições Presidenciais.
Em entrevista à CNN Portugal, na quarta-feira, João Soares, questionado acerca da divisão do PS, afirmou que "parece claro que o Partido Socialista tem um candidato disponibilizado para se apresentar às próximas eleições presidenciais, deu todos os sinais de estar disponível [...] e que é um esplêndido candidato", falando de António José Seguro.
Sobre ter dito que Seguro estava a ser alvo de um campanha de bullying, o ex-ministro salientou que "parece óbvio que há algumas pessoas que fazem parte de uma nomenclatura política durante os últimos anos, muitos anos, e em alguns casos, como é o caso de Augusto Santos Silva, acompanharam todas as lideranças, mesmo quando havia contradições entre as posições que as várias lideranças foram assumindo".
"É, claramente, o caso de Augusto Santos Silva e que foram de uma indelicadeza [...] foram de uma extrema indelicadeza na classificação como candidato de alguém que tem, na minha modesta opinião, todas as condições para disputar, favoravelmente, as próximas eleições presidenciais", referiu.
Para João Soares, "alguém que exerceu a liderança do partido com grande dignidade, que foi responsável pela liderança do partido quando tivemos duas vitórias eleitorais, em europeias e autárquicas, e que depois saiu com a maior das dignidades, depois de ter realizado um referendo interno sob a sua liderança e esteve durante, cerca de 8 anos, numa oposição de total tranquilidade e sem interferência naquilo que tem que ver com a vida política quotidiana, aceitando os resultados eleitorais internos que, na minha modesta opinião, foram profundamente injustos para ele, com uma elegância e correção que resiste a qualquer comparação na nossa vida política".
Questionado sobre se António José Seguro será capaz de unir o PS nesta (possível) candidatura e, até, de unir a Esquerda, o socialista diz não ter "a menor dúvida", acrescentando que o "percurso pessoal e o trabalho cívico e político em prol do país garantem isso com toda a clareza".
"Estamos a falar de candidaturas alternativas de pessoas que não manifestaram a menor disponibilidade para serem candidatos, à exceção de Augusto Santos Silva que vai de forma, intermitente, ameaçando com a sua própria candidatura", apontou.
Sobre o facto de Santos Silva ter deixado essa hipótese em aberto, João Soares é direto, dizendo que "se deixou em aberto, é melhor que se candidate e diga que vai ser candidato".
"Parece que o único objetivo dele é tentar impedir António José Seguro seja o candidato do Partido Socialista. Deve haver aí algum complexo de culpa em relação à forma como António José Seguro foi tratado por uma parte do PS que depois dominou e que esteve à frente do destino do partido nos últimos anos. No caso de Augusto Santos Silva, foi mais do que os últimos anos [...] acompanhou Guterres, depois acompanhou a liderança de Ferro Rodrigues - que não se traduziu em Governo nessa altura -, acompanhou a liderança de Sócrates e depois a liderança de António Costa até à solução final que foi muito triste para o partido que foi quando acabamos com uma maioria absoluta", disse o militante do PS.
Relativamente às sondagens para as eleições Presidenciais e questionado sobre o PS apoiar alguém com perfil partidário ser uma boa estratégia, Soares afirmou haver "uma outra leitura das sondagens".
"Apontam progressão clara da posição do que António José Seguro representa nessas sondagens no quadro da Esquerda e do centro Esquerda porque é na Esquerda, e centro Esquerda, que se vão disputar as próximas eleições presidenciais.", destacou.
João Soares lembrou, no entanto, que "ainda estamos longe do período da campanha eleitoral em que as coisas se vão jogar de uma outra forma, bastante mais progressiva", voltando a destacar a "progressão" que António José Seguro "tem feito nas últimas sondagens" e que o "distancia de outras alternativas possíveis".
"O último classificado, na última sondagem, que saiu é o Dr. Marques Mendes e depois, a seguir, estaria o eventual, putativo, António Vitorino e, claramente, à frente António José Seguro", frisou, sublinhando que "não tem que ver" com a "sua opção pessoal", mas que "é um dado de facto".
Já sobre o facto do Partido Socialista ir discutir o possível candidato na Comissão Nacional do partido, João Soares mostrou-se crítico, dizendo que "a ideia de confiar a umas centenas de pessoas que têm o cartão do partido no bolso a escolha de quem vai ser o candidato é contra a lógica democrática e republicana de uma eleição Presidencial".
Na reta final da entrevista, João Sores sublinhou que é preciso "um presidente em quem possamos confiar no quadro internacional profundamente complexo e António José Seguro é um homem também, ao contrário do que se disse [...] é um homem com grande experiência profissional".
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