O presidente do Chega, André Ventura, afirmou, esta quinta-feira, que o partido enfrenta um "momento desafiante" após ter três deputados envolvidos em problemas com a Justiça, mas defendeu ser um "líder que, nos tempos mais difíceis, quer ficar mais à frente do partido e dar a cara".
"Eu não gosto de me esconder e, por isso, não estou fechado em casa ou à espera que os casos passem", referiu em entrevista à CNN Portugal.
Reconhecendo tratar-se de um "momento desafiante" para o Chega, André Ventura defendeu que "é nos momentos de desafio que se mostra a diferença da massa com que os partidos e os líderes são feitos".
"É um caso com que nenhum líder gosta de lidar", reconheceu, acrescentando que o partido que lidera difere dos restantes "na forma como reage a casos que não consegue controlar".
"Quando os casos surgem, tomo imediatamente uma ação. Não me escondo e tomo decisões disciplinares, quer dentro do partido, quer fora", frisou.
Ventura afirmou também que mantém a sua "convicção de que um pedófilo ou abusador de menores deve ser quimicamente castrado", mesmo que se tratem de "amigos ou pessoas próximas".
Sobre Miguel Arruda, constituído arguido por furto de malas no aeroporto de Lisboa, André Ventura disse tratar-se de um "bandido como os outros", mas sublinhou que "não se pode comparar" a Miguel Albuquerque, "acusado de desviar milhões de euros na Madeira".
André Ventura respondeu ainda ao secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, que acusou o Chega de ter perdido autoridade moral para apontar o dedo a outros face aos casos que o atingem e admitiu que seria ainda pior se este partido tivesse responsabilidades governativas.
"É o mesmo líder de um partido cujo Governo caiu por suspeitas de corrupção e pela entrada da polícia na sua casa oficial", disse, referindo-se à Operação Influencer, que levou à demissão do então primeiro-ministro, António Costa, a 7 de novembro de 2023.
"É o mesmo líder do Partido Socialista que agora olha para um caso de eventuais relações sexuais com menores e que [cujo partido] tem por trás uma ligação à pedofilia que ninguém esqueceu", acrescentou.
E questionou: "Estamos a comparar roubar malas com andar a roubar um país inteiro durante 50 anos?"
Recorde-se que, esta quinta-feira, o Expresso noticiou que o deputado do Chega à Assembleia Municipal de Lisboa Nuno Pardal foi acusado pelo Ministério Público de dois crimes de prostituição de menores.
De acordo com o semanário, o deputado do Chega, de 51 anos, praticou "sexo oral 'mútuo'" com um rapaz de 15 anos, a troco de 20 euros.
Entretanto, o deputado municipal demitiu-se da vice-presidência da distrital e renunciou ao mandato de deputado municipal.
Também esta quinta-feira foi noticiado que o deputado do Chega Açores José Paulo Sousa foi apanhado numa operação STOP a conduzir com 2,25 g/l de álcool no sangue, na madrugada de domingo, dia 2 de fevereiro, na ilha das Flores.
Anteriormente, a 21 de janeiro, o deputado Miguel Arruda, eleito pelo Chega no círculo dos Açores, foi constituído arguido por suspeita do furto de malas no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa. No mesmo dia, a Polícia de Segurança Pública (PSP) realizou buscas nas suas casas, em São Miguel e em Lisboa.
Miguel Arruda terá furtado malas dos tapetes de bagagens das chegadas do aeroporto de Lisboa quando viajava vindo dos Açores no início das semanas de trabalhos parlamentares. No entanto, a PSP indicou que o deputado do Chega não foi detido, porque primeiro era necessário o levantamento da sua imunidade parlamentar.
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