O voto de pesar, aprovado por unanimidade, recorda a "incansável ação filantrópica" de Shah Karim al Hussaini, príncipe Aga Khan, concretizada através da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento (AKDN), que permitiu implementar, especialmente nos países em desenvolvimento, "projetos relevantes em áreas como a educação, a saúde, a cultura e o progresso económico".
"Projetos que visaram sempre, além da melhoria das condições de vida materiais das populações, a preservação de culturas, memórias e tradições locais", lê-se no mesmo voto.
O Presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, enfatiza que a transferência da sede do Imamat Ismaili para Lisboa, em 2015, "aprofundou decisivamente a relação entre a comunidade ismaelita" e Portugal.
Aguiar-Branco reconhece em Aga Khan "um convicto parceiro do universalismo português" e "amigo de Portugal" e endereça "sentidas condolências" à comunidade ismaelita e a todos os admiradores do antigo líder dos muçulmanos xiitas ismailis "na certeza de que o seu relevante trabalho em favor da paz, do diálogo inter-religioso e da dignidade humana permanecerá como legado".
Aga Khan, que morreu na terça-feira, aos 88 anos, era fundador e presidente da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento (AKDN), e líder dos muçulmanos xiitas ismailis.
Shah Karim al Hussaini, príncipe Aga Khan, 49.º Imam hereditário dos muçulmanos ismaelitas, nasceu na Suíça, cresceu e estudou no Quénia e nos Estados Unidos, e tem ligações ao Canadá, Irão e França, e nos últimos anos também a Portugal, com a escolha de Lisboa para sede mundial da comunidade ismaelita, "Imamat Ismaili", tornando-a uma referência para os cerca de 15 milhões de muçulmanos da minoria xiita.
Discreto, tido como uma das pessoas mais ricas do mundo, Aga Khan IV nasceu a 13 de dezembro de 1936 na Suíça, filho do príncipe Aly Khan e da princesa Tajuddawlah Aly Khan. Cresceu no Quénia, frequentou a Le Rosey School, na Suíça, durante nove anos, e licenciou-se depois em Harvard, nos Estados Unidos.
Definiu-se como um "otimista mas cauteloso", alguém que não sendo um homem de negócios aprendeu a sê-lo, que acreditou que a pobreza existe, mas não é inevitável. E nas palavras de amigos foi alguém que nunca bebeu nem fumou e que dedicou muito do seu tempo ao trabalho e a visitas à comunidade.
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