O deputado do Chega Pedro Frazão afirmou que, se estivesse no lugar de Filipe Melo, "não teria" dirigido insultos à deputada do Partido Socialista (PS), Ana Sofia Antunes, mas que entende o seu companheiro de bancada e de partido, uma vez que este respondeu a "um ataque vil e soez da deputada Isabel Moreira".
Em entrevista ao programa Facto Político, da SIC Notícias, o parlamentar do Chega foi confrontando com as palavras dirigidas à deputada do PS - e, questionado sobre se, caso os seus filhos chamassem 'aberração' ou 'drogada' a um colega de escola, se lhes daria os parabéns pela elevação, respondeu que os filhos "estão educados com a mesma educação" que Pedro Frazão recebeu "dos pais" e que, "de facto, o que está a acontecer no Parlamento é algo que não é novo".
"Nós temos aqui várias conclusões a tirar, nomeadamente sobre aquilo que a deputada Ana Sofia Antunes disse ontem [sexta-feira], nomeando-me sobre o que ocorre [no Parlamento]. Eu quero esclarecer aqui, primeiro, que não estava presente na sessão quando ocorreram esses apartes", disse o deputado.
Pedro Frazão salientou ainda que é "muito profícuo em fazer apartes no Parlamento, a dinâmica parlamentar assim o permite", acrescentando que os seus "apartes são de acordo, ou desacordo, com aquilo que está a ser dito a cada momento no Parlamento".
"Agora, a mim, sim, já me ofenderam muitas vezes no Parlamento e é lamentável que os meus filhos [...] tenham de ouvir na comunicação social e de outros partidos políticos, nomeadamente que o pai é racista. Porque, logo em 2022, quando fui eleito pela primeira vez para o Parlamento, a deputada e líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, disse que tinham sido eleitos 12 deputados racistas referindo-se ao Chega. E sabe o que aconteceu nessa altura? Fiz queixa judicial da senhora deputada Catarina Martins, tal como fizeram todos os deputados do Chega. E o que é que aconteceu? A senhora deputada refugiou-se na sua imunidade parlamentar, disse que não abdicava da imunidade [parlamentar] por ter chamado racistas aos deputados do Chega. Além de racista, já fui chamado de xenófobo, misógino, fascista e, portanto, esses apartes estão nas atas do Parlamento - também apartes a chamarem-nos fascistas", frisou Pedro Frazão.
Questionado sobre o facto de já ter sido chamado de 'fascista' e 'racista' justifica os insultos dirigidos à deputada Ana Sofia Antunes, Pedro Frazão sublinhou: "Não chamei isso a ninguém e, é preciso ver aqui também que, na dinâmica parlamentar, não é a primeira vez que isto acontece".
"Não, não. Não é normal, é criticável [...] O que está a acontecer é que está a haver um enfoque muito grande nas respostas que o Chega dá com o objetivo de bestializar o Chega, de denegrir o Chega para permitir uma mais fácil eliminação do Chega. Isso é o que está aqui, é a narrativa de todos os partidos que estão contra o Chega e é também a narrativa da comunicação social", respondeu o deputado quando questionado sobre se é normal a troca de insultos no Parlamento.
Pedro Frazão frisou ainda que "é errado" chamar um deputado de 'aberração' e 'drogado'. No entanto, notou que "também é errado a senhora deputada Isabel Moreira, que foi quem esteve no início do bate-boca [...] está perfeitamente nítido que foi a deputada Isabel Moreira quem falou no filho do deputado Filipe Melo [...] e quem disse diretamente para o deputado Filipe Melo: 'vai pagar a pensão dos teus filhos', o que nem sequer tem lógica nenhuma porque os filhos moram com o deputado e com a sua mulher".
Se eu estivesse no lugar do deputado Filipe Melo não teria dito aquilo, em primeiro lugar
Sobre um possível pedido de desculpas, o deputado Chega afirmou que "isso estará na consciência do deputado Filipe Melo", vincando que "a Esquerda está a fazer aquilo que também acusa o Chega de fazer, e a comunicação social também, que é atribuir culpas coletivas".
Já sobre se pediria desculpas se estivesse no lugar do deputado Filipe Melo, respondeu: "Se eu estivesse no lugar do deputado Filipe Melo não teria dito aquilo, em primeiro lugar. Agora, eu percebo que o deputado Filipe Melo respondendo a um ataque vil e soez da deputada Isabel Moreira que falou no seu filho que é neurodivergente, tem 11 anos e não fala... e a senhora deputada sabe daquilo que estava a falar porque o deputado Filipe Melo já, em várias intervenções no Parlamento, falou do seu filho e falou dessas questões da educação de inclusão. A deputada Isabel Moreira que não estava sentada na primeira fila [...] veio-se sentar ao lado da deputada Ana Sofia Antunes para começar a instigar o Chega a responder".
"O Chega, alguns deputados do Chega, infelizmente, morderam esse isco e começaram a responder. Portanto, é preciso ver aqui um contexto. Tudo isto começou com uma frase mal colocada da deputada Diva Ribeiro, é verdade. E, de facto, a deputada não foi feliz na forma como transmitiu a ideia que queria transmitir porque, de facto, a ideia não foi transmitida. O que a deputada Diva Ribeiro queria dizer é que a Esquerda e a lógica Marxista tenta sempre colocar grupos de pessoas, utilizando as suas características pessoais, na posição dos oprimidos para depois tentar atacar os opressores - e faz isto sempre com os homossexuais, com os empregados, com os filhos. Portanto, o que a senhora deputada Diva Ribeiro queria dizer era que a situação de deficiência não deve ser utilizada pelos pseudo-marxistas", destacou o deputado, frisando que o que "aconteceu a seguir é que foi muito grave porque a bancada do Chega foi absolutamente vilipendiada e respondeu aquilo que foram os insultos da bancada do PS".
Questionado sobre a proposta do PS para serem colocadas sanções nestes casos, Pedro Frazão afirmou que o Chega está "disponível" e que o presidente do partido, André Ventura, disse que estão "disponíveis para a autocrítica, mas tem que haver sanções para todos os lados".
Miguel Arruda? "Retiramos-lhe a confiança política"
No seguimento da conversa, o deputado do Chega foi questionado sobre se continua a pensar que o Chega nunca tem de pedir desculpas coletivas por algumas coisas que alguns deputados, especificamente, fazem, dando o exemplo da acusação de Miguel Arruda.
"Nunca ouvi um jornalista perguntar ao PSD porque é que escolheu deputados que foram depois acusados por corrupção. Portanto, quando há escolha de deputados, nós temos à nossa frente o currículo académico e a história pessoal do deputado. Do deputado Miguel Arruda nada fazia antever que isto fosse acontecer. O ocorrido é do domínio quase da psiquiatria. É uma pessoa que tem formação superior, tem dois mestrados, é empregado numa empresa pública da região autónoma dos Açores, tinha uma família estável e era uma pessoa que se apresentava como idónea", sublinhou.
O deputado destacou ainda as palavras do líder do partido sobre o caso: "André Ventura disse muito bem: um líder político não consegue escolher os problemas que tem, mas consegue escolher como reage. E o que é que André Ventura fez? Imediatamente, pediu a Miguel Arruda que saísse do partido. Bem, Miguel Arruda, na sua liberdade e no seu mandato de deputado da Nação, não quis sair e o que é que nós fizemos? Imediatamente, retiramos-lhe a confiança política e ele passou a deputado independente. Não é a primeira vez que isso acontece no Parlamento".
[Notícia atualizada às 17h17]
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