O secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, classificou, esta quarta-feira, de "ridículas" as declarações do ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, que o acusou de estar numa "deriva populista" e de ter um discurso semelhante ao de André Ventura, considerando que exigir explicações ao primeiro-ministro "não é ser populista".
Esta posição foi partilhada em declarações aos jornalistas em Lisboa, numa ação do programa da Escola Segura, depois de ter sido interrogado sobre o que pensava sobre sobre as declarações de Pedro Duarte, que o acusou de estar numa "deriva populista" semelhante ao Chega.
"Ridículas", respondeu Pedro Nuno Santos. "Se há coisa que eu tenho feito é desvalorizar a inciativa do partido de extrema-direita em Portugal", acrescentou.
Para Pedro Nuno Santos, "o Governo deveria" ter "nuances na apreciação que faz dos diferentes partidos". "Porque, obviamente, temos tido uma atitude bem diferente do Chega", justificou.
"Isso não quer dizer que não exijamos explicações ao senhor primeiro-ministro. Isso é óbvio que temos de exigir, como os portugueses também exigem. Não é ser populista exigir explicações do primeiro-ministro. Era só o que faltava que um primeiro-ministro ache e que o seu Governo ache que o senhor primeiro-ministro não tem que dar explicações", defendeu.
O secretário-geral do PS considerou que Luís Montenegro deve "não só" dar explicações através de "respostas escritas", mas "também aos jornalistas".
"Vai dar [explicações] ao Parlamento, mas a verdade é que temos um primeiro-ministro que há muito tempo que se tem furtado a estar em frente a jornalistas. Isso não é aceitável", criticou, incitando Montenegro a prestar esclarecimentos não só sobre a polémica em torno da empresa Spinumviva, mas também "sobre problemas da sociedade portuguesa", nomeadamente no Serviço Nacional de Saúde.
Recorde-se que, no sábado, o Correio da Manhã noticiou que a mulher e os dois filhos do primeiro-ministro têm uma empresa com um vasto objeto social, em que se inclui compra e venda de imóveis, de que Montenegro foi fundador e gerente, mas da qual se desvinculou antes de se tornar líder do PSD.
Nesse dia, o chefe do Executivo classificou como "absurda e injustificada" a sugestão de que poderá existir um conflito de interesses pela possibilidade de a empresa da sua família poder beneficiar da recente revisão da lei dos solos aprovada recentemente pelo Governo e apontou que a Spinumvita apenas teve execução a prestação de consultoria no âmbito da proteção de dados pessoais.
Ontem, remeteu esclarecimentos sobre "a situação política interna" para o debate da moção de censura apresentada pelo Chega na sequência desta polémica.
Já Pedro Duarte criticou o líder do PS pela forma como se referiu a este caso, "não se distinguindo do discurso do Chega", "com insinuações que são absolutamente caluniosas e que são inaceitáveis".
[Notícia atualizada às 12h01]
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