No documento, hoje entregue no parlamento, o Chega pergunta "quem foram e são" os clientes da Spinumviva, questionando em específico se existiu algum contrato com o Banco de Fomento ou algum negócio com a câmara municipal de Espinho, Vagos ou outras lideradas pelo PSD.
"Sendo que a empresa nem sequer apresenta um 'website', como chegaram os clientes ao contacto" com a empresa, "como foi feita a angariação de clientes e se houve influência política na mesma", perguntou o partido.
No documento, entregue na Assembleia da República, com o tema "resposta a matéria da moção de censura", o grupo parlamentar do Chega considera que a "opacidade que envolve várias questões nesta empresa Spinumviva facilita a desconfiança por parte dos cidadãos em geral e da opinião pública".
"De forma a salvaguardar que não há conflitos de interesse nem privilégios de contactos, não pode ser invocado o dever de guardar sigilo sobre os clientes das empresas, bem como outras informações de importância para o caso", argumenta a bancada do Chega.
O Chega pede a lista de todos os que já receberam ou recebem remunerações pagas pela empresa, que funções exerceram e quais os valores e pergunta quem é assegurou o trabalho de "consultoria de proteção de dados que era anteriormente realizado pelo dr. Luís Montenegro".
O partido liderado por André Ventura já tinha anunciado no domingo que iria enviar um conjunto de perguntas ao primeiro-ministro sobre a Spinumviva, empresa da qual Luís Montenegro foi sócio até junho de 2022 e que agora pertence à sua mulher e aos filhos de ambos.
No documento que divulgou hoje, o grupo parlamentar do Chega pede mais detalhes sobre a empresa, como "qual o tipo de consultoria prestada" e qual o tipo de "serviços se reportam os valores" na conta de Fornecedores e Serviços Externos, bem como qual o seu peso no total desta rubrica e quem são os fornecedores.
Sobre os resultados, o Chega observa que "em empresas de consultoria, a margem operacional situa-se entre os 15% e os 35%, podendo chegar aos 40% em empresas altamente especializadas", perguntando "qual a razão para a Spinumviva apresentar uma margem operacional de 35,3% em 2021, 75,3% em 2022, e de 46,2% em 2023".
"Quais são os serviços de consultoria prestados assim tão especializados que justifiquem esta margem?", pergunta.
O Chega argumentou que na sessão plenária que discutiu a moção de censura, chumbada por maioria, o primeiro-ministro "não respondeu cabalmente e de modo esclarecedor" às dúvidas levantadas.
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