"Portugueses têm de ter confiança no seu PM. Neste momento, não existe"

O secretário-geral do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos, afirmou que a notícia hoje avançada sobre uma avença do grupo Solverde "é grave" e que os portugueses "merecem e têm de ter confiança nos seus políticos", incluindo o primeiro-ministro, Luís Montenegro.

Notícia

© Getty Images

Notícias ao Minuto com Lusa
28/02/2025 12:48 ‧ há 4 horas por Notícias ao Minuto com Lusa

Política

PS

O secretário-geral do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos, reagiu à notícia avançada pelo semanário Expresso sobre a avença mensal de 4.500 euros do grupo de casinos e hotéis Solverde à empresa familiar do primeiro-ministro, colocando ênfase sobre a desconfiança que esta traz ao cargo de Luís Montenegro.

 

"A notícia é grave e vem confirmar que o PS tinha razão quando fez sistemáticos apelos para que o primeiro-ministro desse todas as explicações", começou por dizer Pedro Nuno Santos. 

O líder do PS disse que os portugueses "merecem e têm de ter confiança nos seus políticos, ter confiança no seu primeiro-ministro", acrescentando que essa "confiança tem de ser restabelecida" porque "neste momento não existe".

"Quero reiterar algumas das perguntas que carecem de resposta e que nenhuma extinção de empresa resolve [...]: a primeira é quais foram e quais são os clientes da empresa do senhor primeiro-ministro. Segunda, quais são os serviços que foram prestados a estas empresas, e porque preço e porquê. É fundamental termos todos a certeza que o senhor primeiro-ministro não ficou a dever nada a ninguém", destacou Pedro Nuno Santos.

O secretário-geral do PS acrescentou ainda que é "fundamental" saber "quem é que presta os serviços da empresa, nomeadamente desde a altura em que o primeiro-ministro se afastou".

"Nós hoje precisamos mesmo de todas as respostas e, desde logo, é preciso que fique claro quais são as razões para a explosão da faturação em 2022. Ano em que o primeiro-ministro decide afastar-se da empresa e ano em que também é candidato à liderança do PSD. É fundamental que não fique qualquer dúvida, nem qualquer suspeita sobre o primeiro-ministro", frisou.

Pedro Nuno Santos salientou ainda que "houve, no início, quem tivesse desvalorizado o caso", apelando a "uma reflexão sobre essa desvalorização" e também "uma desvalorização sobre a necessidade que os políticos e governantes têm de ter no que diz respeito à transparência" e ressalvou que "ela é fundamental".

Já sobre "comentários" acerca da importância "de os políticos não poderem estar impedidos de ter as suas empresas", o líder socialista afirmou que "nunca esteve em causa o direito a ter uma empresa".

"O que acontece é que para todos nós, para a maioria esmagadora, se não para a totalidade dos portugueses, o senhor primeiro-ministro era apenas um advogado. Nós descobrimos entretanto que o senhor primeiro-ministro também era empresário e, é por isso, que é fundamental que sejam dadas todas as explicações", sublinhou. 

Pedro Nuno Santos vai mais longe dizendo que "todos os empresários têm orgulho em dizer que têm uma empresa" e que "têm orgulho em dizer quem são os seus clientes". 

O secretário-geral socialista disse ser preciso "deixar de falar de empresa familiar", alegando não haver dúvidas de que a empresa é do chefe do executivo e defendendo que "não há extinção da empresa que resolva" estes problemas.

"Não passa pela cabeça de ninguém que nós possamos continuar nesta situação sem que o primeiro-ministro seja claro e responda de forma cabal", disse, considerando que Montenegro "já perdeu várias oportunidades".

Segundo Pedro Nuno Santos, "o PS não exclui nada", mas neste momento o que é importante é que o senhor primeiro-ministro responda de forma cabal".

O que está em causa?

O grupo de casinos e hotéis Solverde, sediado em Espinho, revelou ao semanário Expresso que paga à empresa detida pela mulher e os filhos do primeiro-ministro, Spinumviva, uma avença mensal de 4500 euros desde julho de 2021, por "serviços especializados de 'compliance' e definição de procedimentos no domínio da proteção de dados pessoais".

O acordo entre a Spinumviva e a Solverde foi assinado seis meses após a constituição da empresa agora detida pela mulher e os filhos de Montenegro, em Julho de 2021.

De acordo com o Expresso, Luís Montenegro trabalhou para a Solverde entre 2018 e 2022, representando o grupo nas negociações com o Estado que resultaram numa prorrogação do contrato de concessão dos casinos de Espinho e do Algarve.

Esse contrato de concessão chega ao fim em dezembro deste ano e haverá uma nova negociação com o Estado, acrescenta o semanário.

No debate da moção de censura ao Governo, no parlamento, há uma semana, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, questionou o primeiro-ministro sobre a sua relação com o grupo Solverde.

Montenegro respondeu que "não é preciso qualquer conflito de interesses que possa dimanar de uma relação profissional ou contratual" e que, sendo "amigo pessoal dos acionistas dessa empresa", impor-se-á "inibição total de intervir em qualquer decisão" que respeite aquela empresa ou a outras com que "estiver ligado por relações familiares, de amizade ou razões profissionais".

O gabinete do primeiro-ministro acrescentou ao Expresso: "Como sempre, e como acontece com qualquer outro membro do Governo, o primeiro-ministro pedirá escusa de intervenção em todos os processos em que ocorra conflito de interesses."

[Notícia atualizada às 14h31]

Leia Também: Luís Montenegro reitera: "Nunca decidi nada em conflito de interesses"

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas