"É importante que não só o senhor primeiro-ministro deixe bastante claro o porquê de não ter declarado, junto da Entidade da Transparência, a relação contratual que existia, porque nos parece que é, efetivamente, essa a circunstância que está por esclarecer", disse hoje aos jornalistas a deputada única do PAN, à margem do Fórum Económico Luso-Francês, que decorreu hoje no Porto.
O jornal Expresso noticiou hoje, na sua edição em papel, que o grupo de casinos e hotéis Solverde, sediado em Espinho, paga à empresa detida pela mulher e os filhos do primeiro-ministro, Spinumviva, uma avença mensal de 4.500 euros desde julho de 2021.
"Não acompanhamos a visão de que os políticos não podem ter uma vida antes e depois da política. Achamos que esse tipo de perspetiva não enriquece aquilo que é a participação cidadã, para que sejamos tomados de empréstimo nos cargos políticos ou nos altos cargos públicos", assinalou.
Porém, a deputada vincou que "há um dever de transparência e de participação e decomunicaão, que entendemos que nesta circunstância não foi cabalmente cumprido".
A deputada considera que o debate da Moção de Censura ao Governo foi "uma oportunidade perdida, porque [Luís Montenegro] se remeteu, nesse momento, ao silêncio", devendo agora o primeiro-ministro deixar "claro o porquê de não ter comunicado à Entidade da Transparência".
"Estarmos aqui a pedir demissões sem ouvir os cabais esclarecimentos não nos parece que seja, neste momento, um grande favor que fazemos ao país", disse a deputada, dizendo ainda que a extrema-direita (referência ao Chega) quer "desviar a atenção daquilo que têm sido os seus próprios problemas".
Inês de Sousa Real observou também que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, "se tem remetido ao silêncio, enquanto que noutras circunstâncias não o faria", pelo que "deveria" falar.
"Marcelo Rebelo de Sousa nunca se eximiu a falar a comentar o que quer que fosse quando tivemos o anterior Governo, que era da sua cor política. Por isso mesmo, e porque há um dever de transparência de todos os titulares de cargos políticos e altos cargos públicos, entendemos que também Marcelo Rebelo de Sousa deve pedir esclarecimentos a Luís Montenegro", referiu.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou hoje ter convocado um Conselho de Ministros extraordinário para sábado e uma comunicação ao país sobre decisões pessoais e políticas acerca da empresa detida atualmente pela sua mulher e os seus filhos, fazendo uma "uma avaliação profunda" das condições pessoais, familiares e políticas.
Luís Montenegro reagia à notícia divulgada pelo Expresso de que o grupo de casinos e hotéis Solverde, sediado em Espinho, paga à empresa detida pela mulher e os filhos do primeiro-ministro, Spinumviva, uma avença mensal de 4.500 euros desde julho de 2021, por "serviços especializados de 'compliance' e definição de procedimentos no domínio da proteção de dados pessoais".
Hoje foram também conhecidos os clientes da Spinumviva, que são a Lopes Barata, Consultoria e Gestão, Lda; CLIP - Colégio Luso Internacional do Porto, SA; FERPINTA, SA; Solverde, SA; Radio Popular, SA.
A Spinumviva justifica a divulgação das suas relações comerciais e ramos de atividade com a "defesa do seu bom nome e, sobretudo, de todos os seus clientes".
Os serviços que prestou variaram entre 1.000 e 4.500 euros, tendo atuado em 25 ramos de atividade distintos.
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