"Acho que quem mordeu o isco não foi o PCP". Raimundo desafia PS

Líder comunista diz que "críticas" dos outros partidos revelam que "o espaço para não acompanhar" a moção de censura apresentada pelo PCP "é muito curto". "Não vale a pena estarmos a adiar para amanhã aquilo que é inevitável hoje", declarou.

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Carmen Guilherme
03/03/2025 23:27 ‧ há 5 horas por Carmen Guilherme

Política

Paulo Raimundo

O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Paulo Raimundo, defendeu, esta segunda-feira, que não foi o partido que "mordeu o isco" ao apresentar uma moção de censura ao Governo, mas sim "aqueles que depositaram" no primeiro-ministro, Luís Montenegro, "o calendário da gestão da sua própria crise governativa". Nesta senda, desafiou o Partido Socialista (PS) a "reconsiderar as suas opções de voto". 

 

Em entrevista à CNN Portugal, o líder comunista foi confrontado com o facto de o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, ter anunciado, no sábado, que não iria viabilizar a moção de censura ao Governo do PCP, lamentando que o partido "tenha mordido o isco lançado pelo Governo". 

"O senhor primeiro-ministro podia ter concretizado a moção de confiança, porque é que não concretizou a moção de confiança?", questionou. "Eu acho que quem mordeu o isco não foi o PCP. Quem mordeu o isco foram aqueles que depositaram no senhor primeiro-ministro o calendário da gestão da sua própria crise governativa", afirmou. 

Paulo Raimundo referiu que Montenegro afirmou "de forma muito clara" que "não ia esclarecer mais nada" e considerou que, "de facto", "não há nada" que o primeiro-ministro "possa esclarecer que justifique a incompatibilidade profunda que ocorreu e que está a ocorrer no que diz respeito às suas responsabilidades governamentais".

"Está tudo claro. O que é preciso saber mais, hoje, para tomar as decisões que precisam de ser tomadas? As decisões que precisam de ser tomadas é censurar este Governo pela sua prática, pela sua política, mas também por um conjunto de casos que se avolumam", apontou. 

"A moção de censura vai ser discutida, vai ser votada. Ate à hora em que vai ser votada, cada um pode reconsiderar as sua opções de voto", desafiou.

Interrogado sobre se espera que o PS reconsidere a sua intenção de voto, respondeu: "À partida, perante aquilo que se ouve, as observações que se fazem, as críticas que se fazem à ação do Governo, à sua politica, e inclusive a estes casos em concreto, o espaço para não acompanhar a nossa inciativa é muito curto". 

Não andamos a brincar à politica. Connosco não há taticismo, nem oportunismos. A realidade, o que é conhecido hoje, impõe esta medidaPara o secretário-geral do PCP é precisar "travar" a "promiscuidade entre o poder económico e o poder governativo", "é preciso travar este Governo", e recusou qualquer "taticismo", defendendo que os comunistas não "andam a brincar à política" e que o partido está pronto para ir a eleições. 

"Não andamos a brincar à politica. Connosco não há taticismo, nem oportunismos. A realidade, o que é conhecido hoje, impõe esta medida", disse. "Há mais alguma instabilidade do que esta que estamos a viver hoje de um primeiro-ministro sob suspeitas?", questionou.

Sobre se o Governo não vai entender o chumbo da moção como viabilidade política para permanecer, atirou: "Se não estivéssemos no Carnaval, até me dá vontade de rir. Isto é uma moção de censura para derrubar o Governo, para travar a sua política e para dar credibilidade à vida politica nacional. Só há uma forma de ela se transformar em moção de confiança: é não ser aprovada". 

"Alguém acredita que, neste enquadramento, nesta profunda incompatibilidade, nesta profunda crise governativa, este Governo se aguentará, alguém acredita nisto? (...) A questão não é se aguenta, é se vamos arrastar a situação para uma situação ainda mais pantanosa do que àquela que temos. Não vale a pena estarmos a adiar para amanhã aquilo que é inevitável hoje", completou.

Recorde-se que a moção de censura com o título 'Travar a degradação nacional, por uma política alternativa de progresso e de desenvolvimento' tem chumbo garantido, uma vez que o secretário-geral do PS já anunciou que não pretende viabilizá-la.

A iniciativa foi apresentada depois de, no sábado, Montenegro ter feito uma declaração ao país na qual admitiu avançar com uma moção de confiança ao Governo se os partidos da oposição não esclarecessem se consideram que o Executivo "dispõe de condições para continuar a executar" o seu programa, na sequência da polémica com a empresa Spinumviva.

Leia Também: "Não nos dá alternativa". PS avança com CPI ao caso Montenegro

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