PAN atribui perda de mandato na Madeira a instabilidade e voto útil

A porta-voz do PAN atribuiu hoje a perda de representação no parlamento regional da Madeira à instabilidade política e ao voto útil, e disse acreditar que o partido vai manter a presença na Assembleia da República.

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Lusa
23/03/2025 23:38 ‧ há 2 dias por Lusa

Política

PAN

"Houve um voto útil e um fenómeno concentrado nos principais partidos da região autónoma", afirmou Inês de Sousa Real, em declarações à agência Lusa, acrescentando que isso, aliado ao cenário de instabilidade política, contribuiu para "um parlamento menos representativo, menos plural em termos de ideias e de valores e que deixou de fora um conjunto significativo de eleitorado e de partidos, como foi o caso do PAN".

 

O PAN - Pessoas-Animais-Natureza perdeu hoje a sua única representação na Assembleia Legislativa da Madeira ao não ter conseguido eleger deputados nas eleições legislativas antecipadas, segundo os dados oficiais provisórios.

O partido conseguiu nas eleições de hoje 2.322 votos, correspondendo a 1,62% dos votos, e foi a 8.ª força mais votada. Nas eleições regionais realizadas em 26 de maio de 2024, o PAN tinha obtido 2.531 votos (1,90%).

Inês de Sousa Real argumentou que as "pessoas estão cansadas de terem eleições antecipadas" e que não se pode esperar que o eleitorado encare a instabilidade política e "não acabe por concentrar o voto nas forças políticas com maior representatividade".

A líder do Pessoas-Animais-Natureza disse manter a confiança no trabalho feito pela estrutura regional do partido na Madeira e, em particular, em Mónica Freitas, a cabeça de lista nas regionais, e, sobre o seu futuro, afirmou que essa "é uma reflexão que evidentemente terá que ser feita" pelos próprios.

Inês de Sousa Real, deputada única na Assembleia da República, disse também, questionada sobre a possibilidade de o resultado negativo de hoje se replicar nas próximas legislativas, que o "PAN continuará empenhado em manter o mandato" no parlamento nacional e que acredita que o partido vai voltar a eleger, mas sublinhou a necessidade de o país refletir sobre "curtos ciclos políticos" e o seu impacto no sistema democrático.

"[Há] uma saturação relativamente a estes ciclos políticos curtos e a esta instabilidade. Isto tem apenas um responsável, tem precisamente quem provocou esta crise, no caso nacional [o primeiro-ministro] Luís Montenegro. Acima de tudo, não nos podemos esquecer que o que as pessoas agora querem é respostas para os problemas que dizem respeito às suas vidas", acrescentou.

O PAN elegeu pela primeira vez deputados à Assembleia Legislativa da Madeira em 2011, mas quatro anos depois integrou a coligação Mudança (PS/PTP/PAN/MPT) e perdeu a representação.

Em 2023, Mónica Freitas foi eleita pela primeira vez deputada, tendo celebrado um acordo parlamentar para assegurar a maioria absoluta da coligação PSD/CDS-PP. Seis meses depois do acordo, a deputada única do PAN retirou a confiança política ao presidente do governo regional, o social-democrata Miguel Albuquerque, constituído arguido numa investigação sobre corrupção e que acabou por se demitir do cargo.

Em maio de 2024, Mónica Freitas foi reeleita deputada com 1,86% dos votos, mantendo a presença do PAN no parlamento até às eleições antecipadas deste domingo.

Mais de 255 mil eleitores foram hoje chamados a votar nas legislativas regionais antecipadas da Madeira para escolher a nova composição do parlamento do arquipélago, com 14 candidaturas na corrida.

Estas foram as terceiras legislativas realizadas na Madeira em cerca de um ano e meio, na sequência da aprovação de uma moção de censura apresentada pelo Chega - que a justificou com as investigações judiciais envolvendo membros do Governo Regional, inclusive o presidente, Miguel Albuquerque (PSD) - e da dissolução da Assembleia Legislativa pelo Presidente da República.

Leia Também: Eleições/Madeira. PAN considera que causas ambientais ficam mais pobres

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