"A CDU cresceu em número de votos, cresceu em percentagem, não elegeu por 65 votos. E, portanto, eu não quero ficar à beira nas eleições legislativas [de maio] mas a realidade é esta: subimos em percentagem, subimos em votos, arrumámos de vez com aquela teoria de que era irreversível o crescimento da CDU, pelo contrário, o que estas eleições demonstram é que não só não é irreversível, como é possível crescer e avançar", argumentou Paulo Raimundo.
O líder dos comunistas falava na sede nacional do partido, em Lisboa, em declarações emitidas pela RTP3, após ser interrogado sobre se o resultado nas eleições para a Assembleia Legislativa Regional da Madeira pode ter uma leitura nacional para as legislativas antecipadas de 18 de maio.
"Por 65 votos não voltámos a eleger, mas honraremos os votos que nos foram depositados e com a força que o povo nos deu para continuar a trabalhar. Só desse ponto de vista, só posso tirar conclusões positivas, quer da campanha, quer do resultado eleitoral", respondeu Paulo Raimundo.
Questionado sobre o facto de a campanha na região autónoma se ter centrado em temas éticos e judiciais, e se receia que o mesmo possa acontecer nas legislativas de maio, Paulo Raimundo afirmou não ter a certeza "que tenha sido esse o elemento central das preocupações das pessoas, neste caso na Madeira".
"Tem que haver uma forma ética de estar na política e de estar na vida de forma séria e de forma clara. E, portanto, perante casos em concreto, onde isso comprovadamente não é verificável, então deve ser cada um a tomar a atitude. Para simplificar: o senhor primeiro-ministro na República cometeu um conjunto de ações completamente incompatíveis com o cargo que desempenha. Devia ter tido a hombridade de ser demitido e ter demitido o seu Governo. Não o fez, não há explicação nenhuma que possa dar que justifique aquilo que não devia ter feito", advogou.
Paulo Raimundo defendeu que a ausência da CDU no parlamento regional "impede que o povo aí se expresse de forma direta, mas não impede a sua exigência pela vida melhor a que tem direito".
O PCP, garantiu, "continuará a sua intervenção de sempre", sem se render "às injustiças e aos interesses dos poderosos".
O PSD venceu as regionais de domingo na Madeira, com 43,43% dos votos e 23 mandatos, enquanto o Juntos Pelo Povo (JPP) passou a segunda força política, com 21%, e o PS caiu para terceiro, com 15,6%.
O Chega conseguiu 5,47%, o CDS-PP 3,0% e a Iniciativa Liberal 2,17%, segundo os dados provisórios da Secretaria-Geral do Ministério de Administração Interna - Administração Eleitoral.
O PAN não conseguiu manter a deputada que tinha no parlamento, e o BE e a CDU continuaram sem conseguir regressar ao parlamento regional.
Nas últimas eleições da Madeira, em 2024, a CDU obteve 1,63 % dos votos, e pela primeira vez desde 1988 falhou a eleição de um deputado para a Assembleia Legislativa Regional da Madeira.
Em setembro de 2023, a CDU tinha obtido 2,72% dos votos, um aumento relativamente a 2019, em que tinha obtido 1,80%, o que lhe permitiu, na altura, manter o deputado que tinha na Assembleia Legislativa Regional.
[Notícia atualizada às 06h14]
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