Em comunicado divulgado hoje, a Federação do Baixo Alentejo do PS afiançou que a "A26 até Beja nada mais é do que uma ilusão com fins eleitorais".
"Não fosse um assunto tão sério para o futuro de Portugal e este final do Governo da AD poderia tornar-se motivo de chacota nacional", ironizou.
De acordo com os socialistas, o Governo liderado por Luís Montenegro aprovou, "à última hora, e sem qualquer enquadramento técnico", diversas obras designadas como "prioritárias", mas que o executivo "efetivamente não pretende concretizar".
"O que ninguém disse é que desse famoso conjunto de 31 obras, paridas num Conselho de Ministros já em campanha eleitoral, o Governo só haveria de assegurar efetivamente o financiamento de oito intervenções", argumentou a federação socialista.
E, realçou o PS, "o troço da A26 não está contemplado nesse pequeno lote das obras anunciadas e com direito a financiamento real".
O Governo da AD (PSD/CDS-PP) atira "a sua concretização futura para um modelo de parcerias público-privadas que não serve os interesses de desenvolvimento de uma região do interior" como é a do distrito de Beja, vincou.
No comunicado, a federação socialista criticou "o pomposo anúncio, fortemente propagandeado para meros fins eleitorais autárquicos e agora legislativos no Baixo Alentejo" por parte do deputado do PSD eleito por Beja, Gonçalo Valente, de que "a cidade passaria a ser servida por um novo troço da A26".
E "secundado pelo ministro das Infraestruturas [Miguel Pinto Luz], que se comprometera com a sua execução até ao fim do mandato legislativo que era suposto terminar em 2028", pode ler-se.
"Como poderia a A26 ser executada até 2028 sem projeto, sem estudo de impacto ambiental, sem traçado conhecido e sem as expropriações previstas ou realizadas? É uma promessa honesta?", questionaram no comunicado.
Ou o objetivo era "emendar a mão do mal que fizeram ao Baixo Alentejo quando a interromperam, nesse governo de má memória para o país liderado por Pedro Passos Coelho", acrescentou o PS.
Numa reunião do Conselho de Ministros realizada no dia 10 deste mês, antes da demissão do Governo, foi aprovada uma resolução a determinar à Infraestruturas de Portugal (IP) o desenvolvimento de projetos rodoviários prioritários.
Na altura, o Ministério das Infraestruturas e Habitação referiu que, no âmbito das "cerca de 30 vias rodoviárias definidas como prioritárias", constava o Itinerário Principal 8 - IP8/A26.
Está previsto "o aumento da capacidade do IP8 (A26) dando continuidade aos investimentos em curso no corredor Sines a Beja, tendente a uma ligação em via dupla até Beja", noticiou então a Lusa, com base no comunicado.
No dia 12, o deputado do PSD Gonçalo Valente congratulou-se por o Governo ter votado "como obra prioritária" e aprovado "a tão desejada continuidade" da A26 "até Beja".
Em 24 de fevereiro, o deputado do PS eleito por Beja, Nelson Brito, já tinha questionado o Governo, através de uma pergunta entregue no parlamento, sobre a possibilidade de a A26 ser construída em perfil de autoestrada até Beja e como poderia este investimento ser compatibilizado com as obras em curso no IP8, argumentando ser "pouco plausível" que a empreitada ficasse pronta "dentro de menos de quatro anos".
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