Miguel Macedo, antigo ministro da Administração Interna, que se demitiu no seguimento de detenções de responsáveis nomeados por si, no caso dos vistos gold, voltou esta quinta-feira ao espaço público, numa entrevista na TVI.
Sobre a sua saída do ministro hoje tutelado por Anabela Rodrigues, Macedo esclareceu que foi “apanhado de surpresa” pelo caso dos vistos gold e que abandonou o cargo, pondo “estados de alma de parte”, “a pensar no Governo, no primeiro-ministro, a pensar em mim e na democracia”. O ex-governante deu ainda a entender que a sua demissão foi exclusivamente da sua responsabilidade.
Noutro ponto, falando sobre a coligação, apesar de considerar que “oito meses é uma eternidade” - o tempo que falta para as legislativas -, dizendo mesmo que o timing do anúncio da coligação é “acessório”, o ex-governante afirmou esperar que PSD e CDS consigam encontrar uma base de consenso para reeditar o acordo eleitoral.
“Não me vou pronunciar sobre a questão do timing. É uma questão importante, mas acessória. O que mais releva nesta questão é saber se deve ou não deve haver coligação. Eu espero que os dois partidos encontrem as forças, circunstância e vontade de concretizarem essa coligação para as próximas eleições”, explicou Miguel Macedo.
Esgrimindo argumentos para que este facto se verifique, o antigo ministro de Passos Coelho considerou que “é preciso que, com toda a responsabilidade, as forças políticas se apresentem com uma visão de compromisso em relação às condições de governabilidade do país”, mas mais do que isso, disse considerar “que a coligação é condição para a vitória nas eleições legislativas”.
Por fim, falando sobre o resultado do ajustamento português, Macedo frisou que tendemos a olhar para o passado mais próximo e esquecer o que nos levou à situação que vivemos, mas garantiu que o Governo cumpriu acima das expetativas, desmentindo que o Executivo tenha ido para além da troika.
“Olhamos sempre para o passado mais próximo e não para as causas e razões que nos levaram à situação que tivemos durante quase toda a legislatura. Num programa que foi imposto, de enorme exigência, disse várias vezes que este era o caminho das pedras, mas que o tínhamos de fazer. Fizemo-lo bem e acima das expetativas. (…) Há um ano atrás muito poucos acreditavam que terminávamos o programa da forma como terminámos”, referiu.
“Os custos estavam previstos no memorando que foi assinado. O Governo não foi além da troika. (…) Podemos falar, por exemplo, do aumento do salário mínimo nacional, que teve, posso dizer, a oposição violenta da troika”, concluiu.