"Nós encontramos naquele documento, no que se refere à Educação, muitas preocupações que são coincidentes com as nossas. Encontramos alguns textos mesmo em que é difícil distinguir aquilo que esse texto diz daquilo que já dissemos em textos anteriores. Isto é altamente positivo. Essa coincidência é altamente positiva e dar-nos-á a possibilidade de discutirmos as propostas concretas, mas essas propostas têm que ser particularizadas para poderem ser discutidas", disse hoje Nuno Crato no parlamento.
O ministro falava na comissão parlamentar de Educação, Ciência e Cultura, no âmbito de uma audição regular da sua equipa governativa, e respondia a um pedido de comentário da deputada social-democrata Isilda Aguincha ao documento do PS recentemente apresentado.
O documento em causa é o relatório "Uma década para Portugal", encomendado pelo PS e apresentado na passada semana, liderado pelo economista Mário Centeno, no qual se apresentam uma série de medidas a aplicar até 2019, e que é tido como a base do programa de Governo que os socialistas pretendem levar a votos nas próximas eleições legislativas.
Entre as várias propostas, o PS afirma que pretende dotar as escolas de um quadro docente estável.
"A colocação de docentes numa escola deve seguir a duração dos ciclos educativos completos potenciando o acompanhamento continuado pelo mesmo professor de todo o ciclo de aprendizagem. A medida deve incluir incentivos à localização de professores em zonas menos atrativas, penalizando os professores que se apresentem a sucessivos concursos e responsabilizando as escolas pelo planeamento estável das suas necessidades de recursos", segundo a proposta do PS.
Nuno Crato manifestou-se "de acordo" com uma proposta que permita a fixação de professores, mas afirmou ter dúvidas sobre a forma como o PS pretende atingir o objetivo.
"Não percebemos bem os mecanismos que foram enunciados naquele documento. Não nos parece que seja correto penalizar professores por concorrerem aos concursos, é um dever dos professores. Assim como não nos parece que a coincidência dos professores com os ciclos de estudos possa ser feita, porque isso obrigar-nos-ia a ter concursos todos os anos. Os ciclos de estudo são diferentes: são de quatro, três e dois anos. Ou faríamos concursos de 12 em 12 anos ou faríamos concursos todos os anos", declarou o responsável pela pasta da Educação.
Ainda assim, Nuno Crato disse estar disposto "a ouvir propostas concretas e, se o PS assim o entender, a participar num debate sobre esse tema".