"Acho muito discutível a oportunidade e eficácia do cartaz do Bloco"

Francisco Louçã considera que o cartaz do Bloco de Esquerda deu lugar a “uma polémica interessante e até reveladora de alguns níveis da cultura e da política em Portugal”.

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Pedro Filipe Pina
26/02/2016 23:25 ‧ 26/02/2016 por Pedro Filipe Pina

Política

Francisco Louçã

Esta sexta-feira, um cartaz partilhado online pelo Bloco de Esquerda causou polémica. “Jesus também tinha 2 pais”, lia-se na publicação feita com o intuito de celebrar a aprovação de adoção por casais do mesmo sexo. Rapidamente a polémica estalou.

Para o antigo líder do Bloco de Esquerda, que falava esta noite na antena da SIC Notícias, no seu espaço semanal de comentário, é “muito discutível e oportunidade e eficácia do cartaz”.

“A lei já foi aprovada”, recordou, algo que aconteceu no passado dia 10 de fevereiro. Além do mais, “o facto de se utilizar como argumento, mesmo que neste contexto de humor, uma referência religiosa, é também problemático porque este debate não deve atravessar-se sobre religiões”, considerou.

Ainda assim, o cartaz permitiu “uma polémica interessante e até reveladora”.

“A Igreja teria sido mais prudente em manter-se reservada e não intervir neste terreno político. Dos partidos de Direita acho normal, faz parte do jogo político”, afirmou, acrescentando que há questões que o debate levanta: “é possível ou não fazer humor com profetas de uma religião, Cristo ou Maomé, ou com instituições religiosas ou fábulas essenciais de uma religião?”, questionou

Lembrando uma polémica semelhante com uma caricatura no Expresso, com o Papa João Paulo II com um preservativo no nariz, Francisco Louçã questionou se “é possível este tipo de representação icónica e polémica - que pode ofender alguém - mas que é sobretudo um exercício de humor?”.

Por essa razão, apesar da falta de oportunidade e eficácia do cartaz, é importante que se “reafirme” que este tipo de exercício de humor pode ser natural numa sociedade moderna, defendeu.

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