Em declarações à agência Lusa, Marisa Matias contou alguns dos momentos que marcaram as primeiras horas após os atentados que ocorreram hoje de manhã em Bruxelas.
A eurodeputada ainda estava em casa quando começaram as primeiras notícias sobre os atentados no aeroporto Zaventem e na estação de metro de Maelbeek, que provocaram pelo menos 26 mortos e 136 feridos.
"As instruções que recebemos foram para que ficássemos onde estávamos. Eu saí apenas para procurar alguns mantimentos antes que as lojas fechassem. Juntei a equipa em minha casa e estamos aqui a aguardar instruções", contou à Lusa a eurodeputada que consegui reunir em sua casa quatro dos cinco elementos do Bloco de Esquerda que trabalham no Parlamento Europeu.
Marisa Matias disse que tem uma colega retida no Parlamento Europeu, porque as autoridades pediram às pessoas que não saíssem de onde estavam.
Entretanto, as lojas estão todas fechadas -- "foram encerrando gradualmente" - e as autoridades pedem às pessoas que permaneçam em casa e saiam apenas para ir dar sangue, acrescentou.
Marisa Matias lembrou ainda que há muitas crianças que estão retidas nas escolas, já que aos pais é dito, por uma questão de segurança, que não vão buscar os seus filhos. Os transportes estão encerrados. "Não há forma de sair daqui", resumiu a eurodeputada, lembrando o caso dos milhares de refugiados que todos os dias "tentam fugir deste terrorismo".
"As redes telefónicas estão péssimas" e por isso é através da Internet que estes quatro portugueses vão tentando contactar amigos e conhecidos.
"Está toda a gente bem das pessoas com quem trabalhamos e com quem vamos trocando informações, até mesmo com emigrantes portugueses que estão aqui. Até ver todas as pessoas estão bem", disse Marisa Matias.
Segundo o secretário de Estado das Comunidades, há uma portuguesa de 30 anos, de Coimbra, que ficou ferida na explosão ocorrida na estação de metro de Maalbeek.
"Obviamente isto parece ser uma evidência de que as respostas e as soluções que se têm procurado não são nem respostas nem soluções. Enquanto não se combater o terrorismo na origem e se apostar numa lógica de medo, de xenofobia securitária [...] As respostas depois são estas e acabam por morrer muitas pessoas inocentes", criticou a eurodeputada.