À margem de uma visita ao Festival Nacional de Gastronomia, em Santarém, Pedro Passos Coelho falou aos jornalistas sobre o processo de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, que vai custar 2,7 mil milhões de euros aos cofres do Estado.
Acusado pelo próprio presidente da CGD de “faltar à verdade” quando Passos afirmou que este tinha tido acesso a “informações privilegiadas da CGD para elaborar o plano estratégico", o líder da oposição cisma que António Domingues continua sem responder às questões que lhe são colocadas.
“[António Domingues] não responde às observações que eu coloquei. E, relativamente a uma delas, atira areia para a cara das pessoas. Se é para atirar areia para a cara das pessoas, não vale a pena pagar o dobro do que se pagava aos antigos administradores. É um mau começo. António Domingues saberá com certeza que não se negoceia com a Direção Geral de Concorrência um plano de recapitalização sem pelo menos ter informação sobre a carteira de clientes e de trading de um banco, o que se significa que o trabalho que ele próprio realizou não foi com certeza trabalhar para o balanço e informação que é pública”, explicou.
Nesta senda, o líder do PSD pede “mais seriedade”, tanto ao Governo como à administração da Caixa Geral de Depósitos, uma vez que “estamos a falar de muito dinheiro público dos contribuintes que vai ser afeto à recapitalização da Caixa”. E por isso mesmo, deixa duas hipóteses sobre as conclusões que foram tiradas aquando da elaboração do plano de reforço de capital do banco público.
“Das duas uma: ou o plano que foi negociado em Bruxelas não teve acesso à informação adequada, e nesse caso significa que é uma mistificação política desde logo; ou então foi feito e é fundamental explicar que tipo de informação é que foi usada e de que maneira é que foi feito esse plano de recapitalização”, atira, insistindo na prestação de “explicações cabais” ao país.
Questionado se o presidente da CGD está ou não a fugir às questões, Passos reitera que “o processo de recapitalização da Caixa foi um processo mal conduzido desde o início” e que todas as decisões tomadas sobre o tema “constituem um manual de más práticas”.
“Espero que possam corrigir as coisas, uma vez que ainda não injetaram o dinheiro no banco. É preciso explicar o que é que se vai fazer, e ao cabo de todos estes meses, ainda ninguém soube explicar o que se vai fazer na CGD. Não obstante de no Parlamento já se ter feito várias vezes essa pergunta, o Governo e a CGD nunca respondem”, terminou.