"Foi o Governo e o primeiro-ministro que fizeram a lei e convidaram a administração, não pode agora [António Costa] lavar as mãos e dizer que isso é com a Justiça. Isso é com ele, é com o Governo, não pode ser de outra maneira", defendeu o presidente social-democrata, Pedro Passos Coelho, em declarações aos jornalistas à entrada de um encontro da "Trilateral Commission", que decorreu num hotel de Lisboa.
Momentos antes, o primeiro-ministro, António Costa, que também participou no encontro da "Trilateral Commission", tinha dito à comunicação social que é ao Tribunal Constitucional que cabe fiscalizar se a administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD) cumpre as suas obrigações.
Questionado sobre a posição transmitida pelo primeiro-ministro, Passos Coelho considerou ser "um bocadinho surreal" que o executivo queira "lavar as mãos do problema".
"Acho que é um bocadinho surreal, para não dizer até eticamente reprovável, que o Governo que fez a escolha da administração, alterou a lei de forma objetiva e consciente, esteja agora a lavar as mãos do problema, como se não tivesse nada a ver com o assunto", argumentou, considerando que "ninguém compreende isso".
O líder do PSD recordou, a propósito, que o Governo disse que "não foi por acaso" que fez um decreto lei que alterou o Estatuto do Gestor Público.
"Fê-lo justamente para retirar um conjunto de obrigações desses gestores que todos os outros gestores aceitam", lembrou.
Contudo, acusou, o Governo agora quer "lavar as mãos" e remete isso para os tribunais, como se não tivesse sido o próprio executivo a fazer a leis, a convidar os administradores e a dar-lhes indicações sobre o que é que deviam fazer ou não.
"Acho que é lamentável que isso aconteça, isso revela uma falta de liderança do próprio Governo e uma dificuldade em assumir as responsabilidades daquilo que foi no passado decidido", salientou.
Admitindo já estar "cansado" de comentar a polémica levantada pela recusa dos administradores da Caixa em entregarem as suas declarações de rendimentos e da situação já ser até "um bocadinho penosa", Passos Coelho lamentou a ausência de uma "clarificação".
"E não digo isso porque hoje estou na oposição, quando fui primeiro-ministro as regras eram claras e eram cumpridas, não percebo porque é que agora não são", insistiu.