"Neste caso, há duas ficções que nos estão a ser apresentadas pelo Governo para produzir uma chantagem: a ficção do custo zero da venda e a ficção de que não haveria alternativa, ou, noutra versão, de que a nacionalização seria mais cara", declarou a deputada bloquista Mariana Mortágua.
A parlamentar falava no arranque do debate de atualidade sobre o Novo Banco marcado pelo partido para esta tarde na Assembleia da República.
O BE, reiterou, considera que "vale a pena assumir o custo da injeção imediata de capital no Novo Banco", garantindo o Estado a "manutenção da instituição ao serviço da economia do país, e não dos interesses de um fundo abutre".
O Lone Star, que vai ficar com o Novo Banco, "leva consigo os 3,9 mil milhões de euros que já foram injetados no Novo Banco", pagando "zero pela compra" e injetando depois mil milhões de euros "no banco que é já seu", sustentou Mariana Mortágua.
Além disso, prosseguiu, o Lone Star "não quer assumir as futuras perdas de uma carteira de oito mil milhões de empréstimos duvidosos", entrando aqui a garantia pública "que o Governo assegurou que nunca existiria", advertiu a deputada bloquista.
E rematou: "Feitas as contas, no pior dos cenários, o Lone Star gasta mil milhões de euros para ficar com um banco limpo e o Estado paga 7,79 mil milhões para ficar sem banco nenhum".
A venda do Novo Banco ao fundo de investimento norte-americano Lone Star foi anunciada na passada sexta-feira pelo governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, em conferência de imprensa, tendo sido explicada horas mais tarde pelo primeiro-ministro, António Costa, e pelo ministro das Finanças, Mário Centeno.
O grupo norte-americano vai realizar injeções de capital no montante total de mil milhões de euros, dos quais 750 milhões de euros logo no fecho a operação e 250 milhões de euros até 2020, anunciou o governador do Banco de Portugal, confirmando a venda e assinatura dos documentos contratuais por parte do Fundo de Resolução.