A ministra da Administração Interna emocionou-se ao recordar a dramática noite em que o incêndio em Pedrógão Grande ganhou contornos de tragédia nacional. Constança Urbano e Sousa não conseguiu conter as lágrimas. “Este não foi o momento mais difícil da minha carreira, foi o momento mais difícil da minha vida”.
A ministra também abordou uma eventual demissão sua na sequência desta tragédia. “A demissão da ministra seria a solução mais fácil”, garantindo que quer “uma resposta independente e transparente e a todas as questões” em torno da tragédia de Pedrógão Grande.
"Desde a primeira hora, que estamos a recolher, analisar, cruzar todos os dados que dispomos e a tentar perceber tudo o que se passou. Mas esta é uma tarefa que leva o seu tempo", disse Constança Urbano e Sousa.
A ministra adiantou que é necessário esclarecer "as principais e legítimas dúvidas".
"Que tipo de incêndio é este que, num tão curto espaço de tempo, se espalha em todas as direções como se fosse um 'tsunami'. Temos todos que perguntar se falhámos, onde, se poderíamos ter evitado a perda daquelas vidas humanas e mais de 200 feridos", frisou.
Sobre as falhas do SIRESP, na qual certamente se irão centrar muitas das questões dos deputados, a ministra pediu um “estudo independente” sobre o funcionamento do SIRESP de uma forma geral mas também em situações de catástrofe, como sucedeu neste caso. “Para perceber se precisamos de tomar medidas” sobre esta rede de comunicação.
Por outro lado, a responsável quer “dar tempo à GNR para concluir um inquérito de apuramento” de responsabilidades sobre o que aconteceu na estrada nacional 236. Constança Urbano e Sousa negou informações que têm vindo a público de que só estavam três militares no terreno naquela zona, no período mais crítico do incêndio. “Não é verdade. Já lá estavam 31 militares”, acrescentando que esse número “foi sendo reforçado”. A ministra saiu ainda em defesa das forças de segurança. “Muito do que se tem ouvido é muito injusto”.
A ministra da Administração Interna quer agora uma reflexão conjunta para prevenir que uma tragédia desta dimensão se volte a repetir. “Este trágico acontecimento convoca-nos todos a refletir sobre a prevenção estrutural, e essa prevenção é algo que não podemos adiar mais. Falo da reforma das florestas. Não vamos ter aqui uma resposta, porque qualquer resposta que se faça hoje só terá resultado daqui a vários anos”, concluiu.