Governo considera moção do CDS "estratagema" contra o PSD

O ministro da Agricultura caracterizou hoje a moção de censura ao Governo apresentada pelo CDS-PP como um "estratagema" destinado a disputar a liderança da direita ao PSD, num discurso em que atacou a ação da ex-ministra Assunção Cristas.

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Lusa
24/10/2017 18:54 ‧ 24/10/2017 por Lusa

Política

Capoulas Santos

Para o ministro da Agricultura, esta moção de censura "tratou-se de um mero estratagema político para utilizar o parlamento e, através dele, procurar chamar a atenção do país para a competição entre o PSD e o CDS-PP pela liderança da direita portuguesa".

"Por esta via, o CDS apenas procura tirar proveitos próprios com a cumplicidade alegre e inexplicável do principal partido a quem a moção é verdadeiramente dirigida", disse Capoulas Santos, na sessão de encerramento do debate da moção de censura ao Governo apresentada pelo CDS-PP, na sequência dos incêndios da semana passada, que já provocaram 45 mortos.

No plano político, Capoulas Santos referiu também que o CDS-PP, logo após as eleições autárquicas, "tendo obtido apenas 2,6%, não se coibiu de reclamar vitória e até de se assumir como alternativa ao Governo".

"Acresce o facto de o seu único parceiro de Governo - o PSD - se encontrar sem liderança e num momento de disputa interna, que se prolongará por vários meses, o que diz tudo sobre as reais intenções desta moção", sustentou o titular da pasta da Agricultura.

Na sua intervenção, Capoulas Santos apontou os "sucessivos apelos" feitos pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para que haja um amplo consenso nacional em torno dos temas da reforma da floresta e dos modelos de prevenção e combate aos incêndios.

Depois de defender que o executivo socialista também quer alcançar esse consenso, vincou que "muito antes de se imaginar a tragédia como a que ocorreu em Pedrógão Grande", em junho passado, o Governo "encetou a tarefa de pôr em execução, com uma visão de longo prazo, uma profunda reforma da floresta logo em meados de 2016".

"Foram realizados dois conselhos de Ministros extraordinários exclusivamente dedicados à reforma da floresta, o que, suponho, aconteceu pela primeira vez na história da nossa democracia. E abriu-se um período de discussão pública alargada sobre o tema, durante três meses, durante o qual o CDS-PP e o PSD estiveram totalmente ausentes", criticou.

Depois, Capoulas Santos referiu-se à ação da presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, na fase em que foi ministra com a pasta da Agricultura no executivo liderado por Pedro Passos Coelho.

"Tenho algum pudor, pelas funções que desempenho, de explicitar factos concretos sobre as ações e as omissões em termos de política florestal da responsabilidade do anterior Governo e, particularmente, da autora da moção de censura, que é simultaneamente líder do partido que a promove", afirmou.

Para Capoulas Santos, "se há partido ou deputado que se deveria abster de trazer este tema a debate, sob esta forma e no atual contexto, é precisamente o CDS-PP e a deputada que é sua presidente", Assunção Cristas.

 

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