"Esta moção é inevitável porque o Governo ignorou os avisos e foi arrogante. A vossa arrogância parece ser, de resto, o resultado de quem tendo chegado ao Governo como chegou, acha que por isso tudo pode. A maioria tudo aceitará, tudo esconderá, mesmo quando vocaliza criticas", defendeu Telmo Correia.
No encerramento do debate da moção de censura ao executivo, que foi chumbada pela maioria de esquerda, o deputado e dirigente centrista avançou a possibilidade de o CDS ter falhado por não ter "gritado mais alto": "Esta moção podia ter sido há quatro meses".
"Não sei se teria sido diferente", refletiu, sobre a possibilidade, discutida pela direção centrista após a tragédia de Pedrogão Grande, de apresentar na altura uma moção de censura.
Telmo Correia acusou o primeiro-ministro, António Costa, e o Governo de ter reagido aos incêndios dos dias 14 e 15 de outubro com declarações públicas que revelaram "insensibilidade e até sobranceria".
"As recomendações de resiliência ou os avisos de que o que estava a acontecer se poderia repetir, para não dizer mais, mostraram a desresponsabilização, senão mesmo a tentativa de sacudir a água do capote para cima daqueles que só foram vítimas e foram abandonados à sua sorte", acusou.
O deputado e dirigente centrista considerou que, só depois de "chamado à razão pela oportuna intervenção do senhor Presidente da República" é que António Costa "veio, finalmente, procurar emendar a mão".
"Finalmente, quatro meses depois houve demissões e o Governo entrou num afã de propor tudo o que não tinha feito antes para, assim, virar a página. Mas existe também aqui uma pergunta óbvia: do reforço de efetivos ao envolvimento das Forças Armadas ou às faixas de proteção, porque é que nada disto foi feito antes?", questionou.
Telmo Correia apontou que, sobre o sistema de comunicações SIRESP, após Pedrogão, o PS "chumbou aquilo que agora vem propor".
"Os senhores não quiseram fazer aquilo que agora se viram obrigados a assumir, mas senhor primeiro-ministro, senhores membros do Governo, a vossa má consciência não apaga a dimensão da vossa incompetência", declarou.
A moção de censura ao Governo apresentada pelo CDS-PP foi hoje rejeitada na Assembleia da República com os votos contra do PS, BE, PCP, PEV e PAN e a favor dos centristas e do PSD.
A moção de censura n.º1/XIII, "pelas falhas do Governo nos incêndios trágicos de 2017", foi rejeitada com 122 votos contra, do PS, PCP, BE, PEV e do deputado do PAN, e 105 votos favoráveis, do CDS-PP e do PSD.