Bispo da Guarda afasta padre suspeito de abusos. Já tinha sido denunciado

Padre suspenso tinha já sido denunciado, anonimamente, e o bispo da Guarda estava a par. Foi ele próprio que informou o Ministério Público.

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Notícias ao Minuto com Lusa
10/03/2023 10:02 ‧ 10/03/2023 por Notícias ao Minuto com Lusa

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Guarda

A Diocese da Guarda anunciou, esta sexta-feira, o afastamento cautelar de um padre suspeito de abusos sexuais.

A agência de notícias católica Ecclesia, citando a Diocese, revela que o padre foi "identificado pela Comissão Independente (CI) para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, dando início a uma investigação".

Este mesmo padre, pode-se ler na mesma missiva, tinha já sido denunciado, anonimamente, "facto que foi comunicado ao Ministério Público pelo bispo da Guarda, D. Manuel Felício".

“Por razões cautelares, enquanto se desenrola o processo de investigação prévia, o sacerdote em causa fica temporariamente afastado das suas atividades pastorais, sem que isto possa ser entendido como uma assunção de culpa ou prejudique, de alguma forma, o direito à presunção de inocência”, refere uma nota da diocese, citada pela Ecclesia.

Para além do padre agora afastado, um outro foi também sinalizado pelo relatório em questão. O mesmo morreu, no entanto, em 1980, sendo assim “de todo impossível fazer ainda mais sérias e justas diligências de investigação”.

“Os novos dados que hoje [9 de março] nos chegaram permitem-nos ter os elementos necessários para fazer o processo canónico de investigação prévia, que enviaremos ao Dicastério da Doutrina da Fé e comunicaremos esta mesma informação complementar ao Ministério Público, sempre sob segredo de justiça”, lê-se na nota da diocese.

A Diocese da Guarda segue assim medidas já tomadas pelas estruturas homólogas de Évora e Angra, que também suspenderam padres suspeitos de abusos sexuais.

As medidas surgem após a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica ter enviado listas aos responsáveis católicos de Portugal, no último dia 3 de março, com “nomes de alegados abusadores, referidos nos testemunhos recolhidos” no âmbito da investigação.

Foram validados 512 testemunhos, apontando, por extrapolação, para pelo menos 4.815 vítimas. Vinte e cinco casos foram enviados ao Ministério Público, que abriu 15 inquéritos, dos quais nove foram arquivados.

Os testemunhos referem-se a casos ocorridos entre 1950 e 2022, o espaço temporal abrangido pelo trabalho da comissão.

No relatório, divulgado em fevereiro, a comissão alertou que os dados recolhidos nos arquivos eclesiásticos sobre a incidência dos abusos sexuais "devem ser entendidos como a 'ponta do iceberg'" deste fenómeno.

Leia Também: Bispo de Viseu já sabia quem eram os 5 sacerdotes indicados pela Comissão

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