A porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying, acusou os críticos da Huawei de fabricar ameaças e abusar do poder do Estado para "eliminar os legítimos direitos e interesses de desenvolvimento das empresas chinesas", e "usar meios políticos para intervir na economia".
Os comentários de Hua surgem numa altura em que Washington renova a pressão sobre vários países para que fechem os seus mercados à Huawei, por motivos de segurança nacional.
Na segunda-feira, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, advertiu os aliados dos Estados Unidos contra o uso de equipamentos da empresa, afirmando que isso pode dificultar a troca de informações com Washington.
"Queremos ter a certeza de que identificamos as oportunidades e os riscos de usar equipamento" da Huawei, disse Pompeo, durante uma visita a Budapeste.
A empresa recusa as acusações de espionagem e nega que o regime chinês recorra à sua tecnologia para espiar os utilizadores.
Mas a Austrália e a Nova Zelândia baniram já as redes de Quinta Geração (5G) da Huawei por motivos de segurança nacional, após os Estados Unidos e Taiwan, que mantém restrições mais amplas à empresa, terem adotado a mesma medida.
Também o Japão, cuja agência para a segurança no ciberespaço classificou a firma chinesa como de "alto risco", baniu as compras à Huawei por departamentos governamentais.
Fundada em 1987, por Ren Zhenfei, um ex-engenheiro das forças armadas chinesas, a Huawei é hoje o maior fabricante global de equipamentos de rede e tem escritórios em Lisboa, onde conta também com um centro de inovação e experimentação.
Segundo a AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal), desde 2004, a firma chinesa investiu 40 milhões de euros em Portugal.
Em dezembro passado, durante a visita a Lisboa do Presidente chinês, Xi Jinping, foi assinado entre a Altice e a Huawei um acordo para o desenvolvimento da tecnologia 5G em Portugal, apesar de, também a União Europeia ter assumido "estar preocupada" com a empresa e com outras tecnológicas chinesas, devido aos riscos que estas colocam em termos de segurança.
As redes sem fio 5G destinam-se a conectar carros autónomos, fábricas automatizadas, equipamento médico e centrais elétricas, pelo que vários governos passaram a olhar para as redes de telecomunicações como ativos estratégicos para a segurança nacional.
A Huawei é também o primeiro ator global chinês no setor tecnológico, tornando a empresa politicamente importante, à medida que Pequim tenta transformar as firmas do país em importantes competidores em atividades de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos.
A empresa emprega 180 mil pessoas e as vendas superaram os 100 mil milhões de dólares, em 2018.