"É com satisfação que observamos que a UE cumpriu o seu compromisso de adotar uma abordagem baseada em evidências, analisando minuciosamente os riscos, em vez de visar específicos países ou atores", refere a Huawei Europa numa declaração enviada à agência Lusa.
A reação da companhia surge depois da divulgação de um relatório da Comissão Europeia, que revela que os Estados-membros da UE detetaram, numa análise feita aos riscos nacionais relativos às redes móveis 5G, ameaças de espionagem ou de ciberataques vindas, nomeadamente, de países terceiros.
"Somos uma empresa 100% privada, detida pelos seus funcionários, e a cibersegurança é uma das nossas principais prioridades: o nosso sistema completo de garantia de cibersegurança abrange todas as áreas do processo e nosso sólido histórico comprova que isso funciona", argumenta a Huawei.
A companhia adianta esperar, "à medida que a UE passa da identificação dos riscos [com o 5G] para a criação de um necessário quadro de segurança comum para gerir e mitigar esses riscos", que "este trabalho continue a ser guiado pela mesma abordagem baseada nos factos".
Apesar de Bruxelas rejeitar focar-se, neste relatório, numa determinada empresa ou num determinado país, certo é que a tecnológica chinesa Huawei tem vindo a ser acusada, principalmente pelos Estados Unidos, de espionagem através das redes 5G.
A Europa é o maior mercado da Huawei fora da China. De um total de 50 licenças que a empresa detém para o 5G, 28 são para operadoras europeias.
Assumida como uma prioridade desde 2016, a aposta no 5G já motivou também preocupações com a cibersegurança, tendo levado a Comissão Europeia, em março deste ano, a fazer recomendações de atuação aos Estados-membros, permitindo-lhes desde logo excluir empresas 'arriscadas' dos seus mercados.
Bruxelas pediu, também nessa altura, que cada país analisasse os riscos nacionais com o 5G, o que aconteceu até junho passado, seguindo-se depois uma avaliação geral em toda a UE, hoje divulgada.
O relatório hoje publicado por Bruxelas reúne as conclusões a que os países da UE chegaram nessas avaliações nacionais, indicando que "a introdução das redes 5G ocorre no âmbito de um complexo cenário global de ameaças à segurança cibernética".
"No geral, as ameaças consideradas mais relevantes" e apontadas no relatório estão "relacionadas com o comprometimento da confidencialidade, da disponibilidade e da integridade" dos dados nestes países, indica o executivo comunitário no documento, precisando que um desses riscos se refere à "espionagem de tráfego ou de dados através da infraestrutura das redes 5G".
A Comissão nota, no relatório, que "em particular os países terceiros mais hostis podem exercer pressão sobre os fornecedores de 5G a fim de concretizarem ciberataques para atenderem aos seus interesses nacionais".
Isto porque estes países de fora da UE têm "capacidades - intenção e recursos - para realizar ataques contra redes de telecomunicações dos Estados-membros da UE", acrescenta.
Segundo Bruxelas, "as mudanças tecnológicas introduzidas com o 5G irão aumentar a dimensão de um [possível] ataque e o número de pontos de entrada com potencial para os invasores".
Até final do ano, os Estados-membros da UE vão, então, encontrar medidas comuns para mitigar estas ameaças.