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'Ghost of Tsushima'. O 'canto do cisne' da PlayStation 4

É o último grande exclusivo a chegar à consola da Sony e encerra em beleza o catálogo da plataforma antes de chegar a inevitável sucessora.

A PlayStation 4 receberá no final de 2020 a companhia da PlayStation 5, a nova consola da Sony com a qual a empresa nipónica espera dar continuidade à estratégia que tornou a atual plataforma um dos maiores sucessos desta geração. Parte desse sucesso ficou a dever-se aos muitos exclusivos dos estúdios da PlayStation e, por isso, faz sentido que o ciclo de vida da PlayStation 4 seja encerrado com um último grande título.

Esse título é ‘Ghost of Tsushima, o mais recente título do estúdio Sucker Punch conhecido pela séries ‘Sly Cooper’ e inFamous, também elas exclusivas da PlayStation. A PlayStation Portugal enviou ao Notícias ao Minuto uma cópia de ‘Ghost of Tsushima’, que é também o título mais ambicioso da Sucker Punch até à data.

‘Ghost of Tsushima’ não nasce apenas da ambição de fazer mais e melhor mas, como poderá perceber rapidamente nas primeiras horas de jogo, uma obra de profundo amor pela cultura e cinema nipónicos. Este amor está presente em praticamente tudo o que surge no ecrã em ‘Ghost of Tsushima’ e que poderá inspirar a que mais pessoas se vejam envolvidas nas obras dos grandes mestres do cinema japonês. Algo que se vê logo nos instantes iniciais com filtros cinematográficos e um robusto modo de fotografia.

Notícias ao Minuto© Sony Interactive Entertainment / Sucker Punch

Em ‘Ghost of Tsushima’ o jogador controla Jin Sakai, um senhor da ilha de Tsushima que inicia esta jornada com uma (retumbante) derrota frente às forças dos mongóis em 1274. Ajudado por uma simples ladra, Jin escapa à morte e toma para si a missão de expulsar os invasores de Tsushima, procurando recrutar aliados para se juntarem à luta. A história progride a bom ritmo e dá ao jogador uma clara noção do progresso da linha principal, naquilo que é uma reconquista faseada e com múltiplos passos antes de ser completada.

Sobre estes aliados, é interessante que cada um lide com os seus próprios problemas resultantes da invasão mongol. Enquanto uma matriarca tem o seu clã chacinado por traidores, um mentor de Jin quer perseguir um dos seus estudantes mais promissores depois deste lhe ter voltado as costas. São missões secundárias como estas que ajudam a dar personalidade a Tsushima, a colocar o jogador em contacto com as personagens que povoam a ilha e a dar-lhe motivos para desmantelar acampamentos mongóis ou não evitar as escaramuças com as patrulhas de inimigos.

Notícias ao Minuto© Sony Interactive Entertainment / Sucker Punch

Ainda que a narrativa seja um ponto de interesse, ‘Ghost of Tsushima’ é um daqueles jogos que está constantemente a ‘aliciar’ o jogador para outras atividades. Enquanto que na maioria dos jogos com mundo aberto as atividades secundárias são exibidas num mapa mais pequeno no canto do ecrã, ‘Ghost of Tsushimanão tem qualquer mini-mapa e acaba por ‘desviar’ o jogador do seu caminho com outras mecânicas. Imaginando que está a dirigir-se no seu fiel cavalo para uma missão da história principal, um pequeno pássaro pode aparecer a voar a seu lado e levá-lo para pontos de interesse como pequenos santuários, banhos termais e outras surpresas. São estes os momentos que melhor captam a personalidade de Jin que, ainda assim, por vezes poderia ser melhor explorado.

Mais do que acumular recursos e itens estéticos com a exploração, são estas atividades secundárias que lhe apresentarão verdadeiramente a ilha de Tsushima. A variedade de paisagens nunca deixa de impressionar e os cenários são de tal forma evocativos que certamente terá vontade de visitar a ‘Terra do Sol Nascente’. Mesmo em atividades secundárias, foi raro sentirmos que o jogo nos estava a fazer perder tempo dado que é desta forma que se conhecem os recantos mais belos de ‘Ghost of Tsushima’.

O que também o levará a querer explorar mais o mundo de ‘Ghost of Tsushima’ são as “Mythic Tales”, missões especiais que oferecem recompensas valiosas mas que também introduzem figuras míticas da ilha. É através destas missões que o jogador tem contacto com o passado de Tsushima e que lhe mostra o que está realmente ameaçado pela invasão mongol.

Notícias ao Minuto© Sony Interactive Entertainment / Sucker Punch

Ninja ou Samurai?

Não há, portanto, falta de atividades e missões em ‘Ghost of Tsushima’, mas tudo isso seria inútil se a jogabilidade não correspondesse à dimensão e escala do jogo. O combate assenta sobretudo no uso de espada (articulado por vezes com arco e flecha) e o que parece ser um sistema excessivamente simples de início acaba por se revelar muito mais profundo ao longo do decorrer do jogo. Ao completar missões e eliminar líderes de acampamentos mongóis conseguirá desbloquear diferentes posturas e, enquanto umas são mais indicadas para espadachins, outras terão vantagem para contrariar inimigos com escudos ou lanças.

É um sistema de jogo equilibrado e que obriga o jogador a adotar diferentes posturas de combate, desviando, defendendo ou contra-atacando quando é necessário num balanço bem conseguido entre ação mais imediata e estratégia. É praticamente impossível não se sentir um verdadeiro samurai, avaliando os espaços e as distâncias de todos os inimigos. Isto é especialmente válido em duelos, onde a intensidade do combate está no seu nível mais elevado.

Notícias ao Minuto© Sony Interactive Entertainment / Sucker Punch

No entanto ‘Ghost of Tsushima’ vai mais longe, além da jogabilidade enquanto samurai, também dá ao jogador a capacidade de se sentir um verdadeiro ninja com capacidade de trepar edifícios e interceptar os inimigos de uma forma mais discreta. A relação entre estes dois estilos é parte crucial no enredo de ‘Ghost of Tsushima’ e que levará o protagonista a adotar táticas tidas como desonrosas para um samurai, ainda que altamente eficazes para as circunstâncias em que se encontra em que toda a vantagem é bem recebida.

Enquanto na série ‘inFamous’ o jogo determinava que determinadas ações eram boas ou más e fornecia novas habilidades a partir daí, em ‘Ghost of Tsushima’ esta relação entre os dois estilos de jogo não são alvos de qualquer julgamento da narrativa. Mesmo que certas personagens condenem os métodos de Jin, a verdade é que as vitórias os vão justificando. Desta forma o jogador não se sente influenciado e tem mais liberdade para explorar o estilo que prefere sendo que é possível (claro) criar um estilo híbrido e usar o método que preferir para defrontar inimigos.

Notícias ao Minuto© Sony Interactive Entertainment / Sucker Punch

Quantas cores o vento tem...

Apesar de haver uma forte componente estética na indumentária que pode ser usada por Jin Sakai, o estilo de trajes tem influência na jogabilidade. Enquanto uma armadura de samurai é mais apropriada para combate corpo a corpo, um traje mais leve de linho terá vantagens para invadir território mongol sem ser notado, sendo que cabe ao jogador fazer a gestão e melhorá-los como pretender.

Alguns dos trajes e ‘skins’ podem ser vistos como demasiado arrojados, mas a verdade é que se encaixam bem no estilo gráfico de ‘Ghost of Tsushima’, que está repleto de cor e onde cada zona exibe a sua própria identidade. Convém avisar que o nível de detalhe parece estar um pouco abaixo do exibido pela Sony em eventos de imprensa no passado mas, dada a dimensão do mapa, diríamos que a Sucker Punch conseguiu atingir um bom equilíbrio e ‘injetar’ tanta cor foi parte da fórmula necessária para atingir este resultado.

Notícias ao Minuto© Sony Interactive Entertainment / Sucker Punch

Outro elemento que ajuda o grafismo é a interface mais minimalista. Já referimos a ausência de um mini-mapa, algo habitual neste estilo de jogos, mas é importante referir a solução encontrada para o substituir. Afinal, como saber a direção que deve tomar sem abrir o menu ou sem consultar um mapa constantemente disponível? Para contornar esta questão a Sucker Punch decidiu usar o vento no jogo.

Ao marcar um ponto de interesse no mapa disponível no menu, o vento indicará a direção que deve tomar. Não só verá a espaços algumas rajadas de vento, como a erva do solo e os ramos das árvores também vão reagir e o vão apontar na direção certa. A roupa de Jin Sakai reage ao movimento do vento, o que faz com que os elementos se combinem e criem uma das experiências mais imersivas do género de jogos em mundo aberto.

Notícias ao Minuto© Sony Interactive Entertainment / Sucker Punch

Praticamente todos os elementos em ‘Ghost of Tsushima’ são feitos para incentivar o jogador a explorar o mundo de jogo, algo que é sempre positivo e ainda mais quando é feito naturalmente. Esta exploração pode, no entanto, ter um lado menos bom que é levá-lo a evoluir as habilidades mais rapidamente do que era suposto e a progressão de jogabilidade ficar mais desequilibrada, tornando também alguns inimigos mais fáceis do que era suposto.

Se for adepto de jogos em mundo aberto e for um daqueles jogadores que gosta de explorar tudo ao máximo, sugerimos que aumente a dificuldade para evitar que o combate se torne repetitivo e fácil demais. Assim conseguirá aproveitar da melhor forma as várias horas que tem pela frente.

Notícias ao Minuto© Sony Interactive Entertainment / Sucker Punch

Considerações finais

À primeira vista pode olhar para ‘Ghost of Tsushima’ como mais um jogo em mundo aberto, com dezenas de missões secundárias e áreas para explorar. Não deixa de ser verdade mas porquê ver esse facto como um defeito quando a Sucker Punch o fez tão bem?

A experiência do estúdio no género ajudou a criar aquele que é um dos seus melhores jogos até à data e também aquele que eventualmente será entendido como um dos grandes exclusivos da PlayStation 4. Ainda que nem seja o melhor que a plataforma tem para oferecer, é o ‘canto do cisne’ que a plataforma tanto merecia e que muito possivelmente o vai manter entretido até à chegada da PlayStation 5.

Pontos fortes

- Grafismo recheado de cor;

- Interface minimalista que permite apreciar o mundo de jogo;

- Sistema de combate com profundidade;

- Articulação entre estilos de jogabilidade de samurai e ninja;

- As missões especiais estão entre os melhores momentos.

Pontos fracos

- Alguns itens estéticos;

- Espaços interiores têm pouca variedade e quebram a imersão;

- Jogabilidade pode tornar-se desequilibrada com demasiada exploração.

Ideal para…

‘Ghost of Tsushima’ é praticamente um jogo obrigatório para todos os apreciadores de jogos em mundo aberto. Além das imensas atividades espalhadas pelo mapa, a ilha é um daqueles cenários que vale a pena ser explorado e nunca deixa de surpreender.

O sistema de combate também poderá dar bons motivos a todos os que desejem ser surpreendidos pela diversidade de estilos e formas de abordar as situações. ‘Ghost of Tsushima’ é um jogo que tanto permite que o jogador relaxe um pouco e leve algum tempo a explorar como oferece cenas épicas que o levarão a parar tudo o que está a fazer para desfrutar.

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