A pandemia de Covid-19 fez com que a organização da Web Summit adotasse este ano um formato exclusivamente digital. Coincidentemente, o co-fundador e CTO do serviço colaborativo Slack, Cal Henderson, foi um dos primeiros convidados para as conferências digitais.
“Se há uns meses atrás me perguntassem se seria possível para empresas de grande dimensão adotarem trabalho remoto do dia para a noite, diria que não. Fiquei surpreendido por terem conseguido manter a produtividade”, admitiu Henderson.
O executivo do Slack notou também que “tem sido surpreendente ver como as empresas se têm adaptado às circunstâncias” e adiantou que, se soubesse que a mudança seria a longo-prazo, também teriam adotado mudanças mais profundas.
“Não estávamos preparados para a possibilidade de ser uma mudança permanente. Estávamos à espera de ficar um pouco em casa mas, quanto mais tempo passa, parece cada vez mais que este é o novo normal. É claro que mudará a nossa relação com o escritório, mesmo que venhamos a regressar”, notou Henderson. “A era do escritório está a chegar ao fim”.
Apesar disso, Henderson apontou que ainda há determinadas limitações ao trabalho remoto, nomeadamente as pequenas interações sociais entre os colaboradores que normalmente estavam reservadas para os períodos de almoço ou encontros fortuitos nos corredores e elevadores.
“Ainda não há um substituto à altura do elemento social do escritório”, apontou Henderson, notando quão estranho deve ser trabalhar numa empresa sem conhecer nenhum dos colegas pessoalmente. “Penso que esta ainda é uma área que pode ser explorada”, admitiu o co-fundador do Slack.
Henderson considerou também que o trabalho remoto permite aos colaboradores - sobretudo os que tenham filhos - torna muito mais fácil articular os elementos profissional e pessoal. “Medir a produtividade já não é sobre o número de horas que se trabalha, mas sim o trabalho produzido concretamente. É possível para um colaborador que tenha filhos produzir imenso durante a parte da manhã e sair mais cedo para ir buscar os filhos à escola”, notou.