"Já investimos 600 milhões de dólares desde 2018 para apoiar a indústria dos 'media' e prevemos investir pelo menos mais mil milhões nos próximos três anos", escreveu em artigo de blogue Nick Clegg, o ex-número dois do governo britânico, atual responsável pelos assuntos públicos do conglomerado das redes sociais.
As desculpas e a promessa de investimentos seguem-se à quantidade de críticas que a Facebook recebeu depois de ter bloqueado artigos de imprensa na Austrália, em protesto por uma lei que exigia a estes conglomerados que remunerassem os meios de comunicação.
Os compromissos da Facebook são divulgados quando estes grupos digitais estão sob críticas de vários governos, que querem obrigá-los a pagar os conteúdos mediáticos que divulgam nas suas plataformas.
"Reconhecemos absolutamente que o jornalismo de qualidade é crucial ao funcionamento das nossas sociedades -- informando e valorizando os cidadãos, exigindo responsabilidade aos dirigentes" pelas suas ações, justificou Nick Clegg.
O dirigente britânico não deu detalhes da repartição dos investimentos do grupo na comunicação nem a forma como estes vão ser feitos (pagamentos? parcerias? formação? direitos de autor? direitos associados?).
"Mais do que nunca, o Facebook quer associar-se com os editores de imprensa", garantiu Clegg.
Na Austrália, depois de ter bloqueado a divulgação de artigos de informação provenientes de meios locais ou internacionais em resposta à intenção legislativa do governo, a proprietária da Instagram e da WhatsApp acabou por recuar, chegando a acordo com Camberra sobre a remuneração dos meios pela difusão dos seus conteúdos nas suas plataformas.
A quantia prometida pela Facebook é igual à prometida pela Google, em outubro, de pagar mil milhões de dólares em três aos a editores de imprensa, como Der Spiegel e Die Zeit, na Alemanha, para utilizar os seus conteúdos através de um novo instrumento designado Google News Showcase no quadro de parcerias.
No seu artigo, Clegg juntou igualmente ao anúncio dos investimentos um pedido de desculpa pela situação na Austrália.
"Não foi uma decisão tomada de forma ligeira", explicou. "Tínhamos de tomar uma decisão rapidamente porque era legalmente necessário fazê-lo antes de a lei entrar em vigor. Portanto, cometemos um erro e bloqueámos alguns conteúdos por inadvertência", concluiu.
Nick Clegg atacou, sem nomear, o magnate da comunicação Rupert Murdoch, cujo grupo pressionava para a aplicação da lei australiana.
"O Facebook teria sido forçado a pagar potencialmente somas ilimitadas a conglomerados multinacionais de comunicação", fustiga. "Era como forçar os construtores de automóveis a financiar estações de radio porque as pessoas as ouviam ao volante e deixavam as estações fixar o preço", comparou.
O compromisso encontrado com o governo australiano significa que o Facebook e o Google, particularmente visadas pelo projetos de lei, não serão sancionadas se concluírem alguns acordos com os meios locais para pagar os conteúdos.
Estas plataformas vão ter dois meses para negociar os acordos e evitarem uma arbitragem constrangedora.
Os meios australianos vão receber milhões de dólares do Google e do Facebook.
A Google já aceitou pagar "somas significativas" em contrapartida dos conteúdos do grupo de comunicação News Corp., de Murdoch.
O Canadá visa tomar medidas similares.
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