O criador da série 'Squid Game' disse que o ex-presidente Donald Trump ajudou a provar que o mundo estava preparado para a distopia que havia criado 10 anos antes (e que foi sendo sucessivamente rejeitada pelos estúdios por ser "demasiado estranha").
Numa entrevista ao Indiewire, o realizador sul-coreano Hwang Dong-hyuk indicou que tinha a ideia em carteira desde 2008, quando espoletou a crise da Lehman Brothers em conjunto com a crise económica da Coreia do Sul, que deixou a população em graves problemas financeiros, incluindo ele próprio.
O realizador traça um paralelismo entre Donald Trump e os personagens VIP da série - os mecenas bilionários que financiam o macabro jogo enquanto assistem ao desenvolver dos eventos de forma anónima.
"Depois Donald Trump tornou-se o presidente dos Estados Unidos e eu acho que ele se assemelha a um dos VIP de 'Squid Game'. Quase parece que ele está a coordenar um jogo, não um país; a aterrorizar as pessoas. Depois de tudo isto acontecer, pensei que era altura desta série ser mostrada ao mundo", afirmou.
Hwang Dong-hyuk recordou, ainda, que a situação há 10 anos era diferente da atual, até para poder lançar a série - que tinha sido inicialmente pensada como um filme.
"O conceito, em si mesmo, não era realista há 10 anos. Era demasiado bizarro e as pessoas achavam que não ia ser um filme rentável, também por ser violento. Iriam existir problemas com audiências e o público-alvo seria reduzido. Mas passaram-se 10 anos e para a Netflix... o sistema de distribuição deles é diferente para filmes; têm menos restrições, portanto eu poderia fazer o que queria e senti menos pressão sobre estes aspetos".
A série sul-coreana, que se tornou na série mais popular da Netflix (em poucos dias a mais vista em mais de 90 países), centra-se num grupo de 456 pessoas envolvidas em dívidas que aceitam competir em jogos infantis numa tentativa de ganhar um prémio milionário. Em troca, arriscam a própria vida.
Leia Também: Deputado brasileiro é criticado ao comparar 'Squid Game' a socialismo