Conheça Mindar, o robô que é um sacerdote buda num templo no Japão

Mindar nasceu em 2019 de uma colaboração de quase um milhão de euros entre o Templo Kodaiji e uma equipa liderada pelo Professor Hiroshi Ishiguro do Departamento de Inovação de Sistemas da Universidade de Osaka.

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Marta Amorim
18/06/2022 17:04 ‧ 18/06/2022 por Marta Amorim

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No histórico Templo Kodaiji em Quioto, Japão, os ensinamentos são transmitidos por um humanóide chamado Mindar.

É um sacerdote de quase dois metros. Com gestos carismáticos das mãos e um olhar penetrante, Mindar entrega um sermão sobre uma das escrituras budistas mais lidas, o 'Sutra do Coração'.

O sermão é indistinguível daquele dado pelo padre habitual - até que os visitantes reparem na pele de silicone suave de Mindar, ossos de alumínio e olhos com câmara.

"Muitas vezes sinto mudanças de humor, ao tomar conta da minha mãe idosa. Os sermões de Mindar sobre o 'Sutra do Coração' ajudam-me a controlar as minhas emoções e a trazer salvação", conta Miyuki Tanaka, de 62 anos de idade, à ABC News.

Num país onde dois terços da população se identificam como budistas, Tanaka é apenas um dos muitos que ali vão ouvir os sermões de Mindar.

"Antes de ouvirem os seus sermões, os adoradores veem Mindar como um robô. Mas, depois, percebem-no como Buda, e não como um robô", disse à ABC News o administrador principal do templo Kodaiji, Tensho Goto.

Mindar nasceu em 2019 de uma colaboração de quase um milhão de euros entre o Templo Kodaiji e uma equipa liderada pelo Professor Hiroshi Ishiguro do Departamento de Inovação de Sistemas da Universidade de Osaka. O seu objetivo era aumentar as experiências espirituais e reavivar o interesse pelo budismo, que tem vindo a diminuir devido ao modernismo e à mudança geracional no Japão.

O desenho do humanóide procura colmatar a lacuna entre o mundo espiritual, onde Buda existe, e o mundo físico, onde a forma de Buda se materializa através de Mindar, de acordo com os seus criadores.

A lente da câmara no olho esquerdo do Mindar permite o contacto visual com os adoradores. As suas mãos e tronco movem-se para imitar a interação humana. O "aspeto neutro do género e da idade" do humanóide também encoraja os adoradores a conceberem a sua própria imagem de Buda.

Numa apresentação pré-programada, uma pessoa projetada na parede faz perguntas sobre os ensinamentos de Buda ao Mindar, que responde com explicações lúcidas. A tecnologia invoca a sensação de que os adoradores coexistem numa realidade paralela e não física com a divindade budista.

Embora as capacidades de Mindar se limitem a citar sermões pré-programados neste momento, o templo tem planos para introduzir características adicionais.

"Planeamos implementar IA para que Mindar possa acumular conhecimento ilimitado e falar de forma autónoma. Também queremos ter sermões separados para diferentes grupos etários para facilitar os ensinamentos", disse Goto.

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