Liberdade na Internet na Rússia no nível mais baixo de sempre
A liberdade na Internet na Rússia atingiu o nível mais baixo de sempre após a invasão da Ucrânia, representando o maior declínio nacional deste ano registado no relatório da organização Freedom House.
© Getty Images
Tech Ucrânia/Rússia
"A liberdade na Internet na Rússia diminuiu sete pontos no período da invasão brutal do Governo à Ucrânia em fevereiro de 2022, atingindo uma baixa histórica e representando o maior declínio nacional deste ano no relatório 'Liberdade na Rede'", indicou a organização sem fins lucrativos com sede em Washington.
A Freedom House divulgou hoje o seu relatório anual, denominado "Liberdade na Rede 2022: Contrariando uma revisão autoritária da Internet", em que deu grande destaque à repressão sentida pelas populações russa e ucraniana após a invasão da Ucrânia.
Poucas semanas após o início do conflito, em 24 de fevereiro, o Kremlin bloqueou as redes sociais Facebook, Instagram e Twitter, privando os russos de acesso a informações confiáveis sobre a guerra e limitando a sua capacidade de se conectar com utilizadores de outros países.
O Governo de Vladimir Putin também bloqueou mais de 5.000 'sites', obrigou os meios de comunicação a referirem-se à invasão como uma "operação militar especial" e introduziu uma lei que prescreve até 15 anos de prisão para quem divulgar "informações falsas" sobre o conflito, segundo a Freedom House.
"As crescentes restrições do regime, tanto antes quanto depois do lançamento da invasão, aumentaram significativamente os riscos associados ao ativismo online e aceleraram o encerramento ou exílio dos meios de comunicação independentes restantes do país", aponta o relatório.
As ações dos militares russos na Ucrânia também minaram a liberdade de Internet do país vizinho.
Na cidade de Kherson, no sul ucraniano, as tropas russas forçaram os provedores de serviços a redirecionar o tráfego da Internet pelas redes russas durante a primavera e o verão de 2022, deixando os cidadãos ucranianos sem acesso às principais redes sociais e a uma infinidade de 'sites' de notícias ucranianos e internacionais, denunciou a organização.
"Embora os meios de comunicação online continuem corajosamente a cobrir a invasão, os seus repórteres enfrentaram grande perigo ao realizar seu trabalho. Vários jornalistas afiliados a esses 'sites' foram mortos pelas forças russas", frisa o documento.
As empresas tecnológicas Google, Twitter e Meta limitaram a capacidade de os meios de comunicação estatais russos lucrarem com conteúdos nas suas plataformas e lançaram novos recursos de segurança para reduzir os riscos online, como a possibilidade de aceder a plataformas de forma segura e anónima.
Já o Governo e o povo ucranianos "mostraram uma resiliência surpreendente durante a invasão", com funcionários do executivo e empresas de telecomunicações "a trabalharem juntos para reparar a infraestrutura da Internet e garantir o acesso a recursos e informações online, que podem salvar vidas no meio de um conflito armado", considera a Freedom House.
"As operadoras de telecomunicações ucranianas também permitiram que os utilizadores alternassem entre operadoras quando o sinal de sua operadora principal não estava disponível e realizaram grandes esforços para fornecer acesso Wi-Fi a abrigos antiaéreos", salienta o documento.
Contudo, a repressão imposta pelo Kremlin aos meios virtuais não é de agora.
Desde a adoção da Lei Soberana da Internet em 2019, o Kremlin consolidou o seu controlo sobre a infraestrutura e intensificou o bloqueio de plataformas estrangeiras, VPNs e 'sites' internacionais, destacou a Freedom House.
"A miríade de regulamentações e práticas nacionais que contribuem para a fragmentação -- intencionalmente ou não -- está a ser imposta por Governos em todo o espetro democrático, mas há distinções cruciais. Regimes autoritários em países como China, Irão e Rússia estão a tentar isolar o seu povo do resto do mundo", considera.
O documento resulta de uma análise feita entre junho de 2021 e maio de 2022 e analisa a liberdade na Internet em 70 países, representando 89 por cento dos utilizadores de Internet do mundo.
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