Elon Musk aumentou onda de desinformação sobre ataque a Paul Pelosi
Poucas horas após a agressão a Paul Pelosi, teorias da conspiração sobre o ataque ao marido da presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos já estavam a circular 'online', promovidas inclusive pelo novo dono do Twitter, Elon Musk.
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Tech Fake news
Dados das autoridades, que divulgaram que o marido de Nancy Pelosi estava sozinho durante a invasão da moradia do casal, em San Francisco, ou que os dois homens, agressor e vítima, não se conheciam, não impediram a proliferação de 'fake news'.
Também não importou se o suspeito, David DePape, tivesse confessado aos inspetores que invadiu a casa para atacar a líder da câmara baixa do Congresso norte-americano.
Alegações falaciosas sobre o ataque espalharam-se rapidamente, impulsionadas por alguns republicanos proeminentes e até por Elon Musk, agora proprietário do Twitter, uma das principais redes sociais do mundo.
Na segunda-feira, publicações a sugerir erradamente um relacionamento pessoal entre Pelosi e o alegado agressor, dispararam no Twitter, um dia depois de Musk ter publicado e eliminado um 'link' para um artigo em que sugeria essa ligação.
O bilionário não explicou porque se associou ao artigo, ou porque o eliminou, sendo que este surgiu em resposta a um 'tweet' de Hillary Clinton a condenar o ataque.
O Twitter não respondeu imediatamente esta segunda-feira às perguntas da agência Associated Press (AP).
"É como se ele [Elon Musk] se tivesse esquecido por um segundo que agora é dono da plataforma, e não apenas outro utilizador que pode dizer o que quiser", referiu Brad Greenspan, empresário de tecnologia e um dos primeiros investidores do MySpace.
Um dos vários republicanos a ampliar a teoria da conspiração infundada, a congressista Marjorie Taylor Greene (Geórgia), defendeu Musk esta segunda-feira, com um tweet que repetia a alegação enganadora de que "o amigo de Paul Pelosi o atacou com um martelo".
O congressista republicano Clay Higgins (Luisiana), brincou sobre o ataque com o seu próprio 'tweet', já apagado, onde repetia a teoria da conspiração.
Enquanto isso, Donald Trump Jr. ridicularizou Paul Pelosi no Twitter com falsas afirmações.
A alegação também se espalhou para outras plataformas, incluindo 'sites' marginais como Gab e Truth Social, onde publicações gozavam com a vítima, de 82 anos.
Paul Pelosi foi atacado na noite de quinta para sexta-feira em São Francisco, no Estado norte-americano da Califórnia, quando se encontrava na sua residência familiar. O agressor irrompeu pela casa gritando "Onde está a Nancy?! Onde está a Nancy?!", mas esta encontrava-se, na altura, em Washington D.C..
As publicações focadas em Paul Pelosi são apenas um subconjunto de uma onda recente de publicações de ódio e carregadas de teorias da conspiração, que se seguiram à compra do Twitter por Musk.
Apenas 12 horas após a finalização da compra por Musk na sexta-feira, as referências a um epíteto racista específico, usado para rebaixar os negros, aumentaram 500%, de acordo com uma análise realizada pelo National Contagion Research Institute, uma empresa com sede em Princeton, Nova Jersey, que rastreia a desinformação.
Especialistas em extremismo e investigadores de desinformação alertaram que a mudança de propriedade poderia prejudicar os esforços do Twitter para combater as 'fake news' e o discurso de ódio, especialmente com as eleições intercalares a poucos dias de se realizarem.
As autoridades de San Francisco realizaram esta segunda-feira uma conferência de imprensa para discutir as últimas informações sobre a investigação do ataque.
DePape adiantou à polícia que queria fazer Nancy Pelosi refém e "quebrar os seus joelhos".
A procuradora Brooke Jenkins também desmascarou vários outros aspetos da teoria da conspiração, defendendo que não há evidências de que DePape conhecia Paul Pelosi e acrescentando que Pelosi estava sozinho em casa quando DePape a invadiu.
Embora as crenças em teorias da conspiração não sejam novidade na história norte-americana, especialistas que estudam a desinformação dizem que estas podem-se tornar perigosas quando convencem as pessoas a considerar a violência como uma alternativa à política, ou quando fazem com que as pessoas ignorem verdades inconvenientes.
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