A Meta divulgou esta quinta-feira que desativou contas falsas pró-governos de Cuba e Bolívia, usadas para desacreditar os opositores daqueles países e "elogiar" conteúdos dos executivos.
Essas contas operavam de forma independente em cada país e o seu conteúdo chegava a centenas de milhares de pessoas, antes de serem suspensas, após uma investigação interna concluída no quarto trimestre de 2022.
"Rejeitamos a nova hipocrisia e a cumplicidade destas empresas com um histórico conhecido de desinformação e operações de desestabilização em plataformas digitais contra Cuba", reagiu, desta forma, o Presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, numa publicação na rede social Twitter.
Ben Nimmo, um dos responsáveis de segurança do grupo californiano, explicou na quinta-feira, durante uma videoconferência com a agência AFP, que houve uma tentativa de "esconder quem estava por trás de tudo isto".
"Mas a nossa investigação encontrou vínculos com o governo cubano", acrescentou.
A operação de propaganda abrangeu outras redes sociais que não estão sob controlo da Meta, como YouTube, TikTok e Twitter, observou Nimmo.
Já o chefe da diplomacia cubana, Bruno Rodríguez, denunciou a "manipulação e a duplicidade com que operam os consórcios transnacionais de (des)informação contra Cuba".
O ministro dos Negócios Estrangeiros sublinhou ainda que um funcionário da Meta é "o ex-gerente de campanha de um senador republicano anticubano".
A empresa norte-americana "terá que explicar o seu próprio comportamento insincero e tendencioso quando permite denegrir, estigmatizar e provocar campanhas de ódio da Florida contra o nosso país", acrescentou Bruno Sr. Rodriguez.
O chanceler cubano assegurou ainda que o seu país continuará a defender a revolução, inclusive no "campo digital perante o assédio e as operações desestabilizadoras".
A internet móvel em Cuba, que tem uma população de 11,1 milhões, está disponível desde 2018.
Após as manifestações históricas de 11 de julho de 2021, quando milhares de cubanos saíram às ruas gritando "Liberdade!" e "Estamos com fome!", Havana acusou Washington de ter fomentado estes protestos através das redes sociais.
Na Bolívia, a investigação da Meta levou a ligações com o partido governamental de esquerda, o Movimento Ao Socialismo (MAS), vencedor das eleições presidenciais de 2020, e um grupo que se autodenomina "Guerreiros Digitais".
David Agranovich, diretor das equipes de segurança cibernética da Meta, que também estava na videoconferência de quinta-feira, acrescentou que os governos dos dois países não foram "notificados" sobre a desativação das contas falsas.
"É importante tentar responsabilizar este tipo de atores (...) destacando a sua atividade, por isso publicamos" os resultados destas investigações, explicou.
Em Cuba, a Meta desativou 363 contas do Facebook, 270 páginas e 229 grupos e 72 contas do Instagram.
Na Bolívia, cerca de 1.600 contas, páginas e grupos, que operam a partir de bunkers em La Paz e Santa Cruz, foram desativados. "Eles coordenaram os seus esforços para usar contas falsas, mostrar apoio ao governo boliviano e criticar e assediar a oposição", realçou David Agranovich.
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