"O Mandalorian tirou o capacete e já não é considerado um verdadeiro mandaloriano de acordo com o dogma, por ter violado o voto de nunca mostrar a sua cara", explicou o criador e produtor executivo.
"Descobrimos que ele tem de visitar o planeta Mandalore, que está em ruínas por causa da guerra, e ver se as minas ainda existem para se banhar nas águas e conseguir a redenção", acrescentou.
Essa é a jornada existencial de Din Djarin/Mando, interpretado por Pedro Pascal, numa temporada que expande de forma dramática o universo da série.
"Muitos estão céticos que estas minas de Mandalore ainda existam. Isto torna-se a busca da temporada: tentar a redenção", afirmou Jon Favreau.
Os outros temas fortes são o perdão e a pertença, já que Mando e Grogu (inicialmente conhecido como 'baby Yoda') conseguiram a reunificação após um período de separação, que aconteceu no final da segunda temporada.
Jon Favreau explicou a importância do que aconteceu entretanto. "Quando os vimos pela última vez, eles estavam a despedir-se porque o 'baby Yoda' ia treinar com o Luke Skywalker. No ano seguinte, encontrámos estes personagens na série 'O Livro de Boba Fett'", lembrou Favreau.
Face ao desenvolvimento na história dos protagonistas numa série diferente, haverá um segmento de recapitulação para quem não viu o 'spin-off' de Boba Fett.
"Passaram algum tempo separados e nenhum deles estava lá muito feliz. Eventualmente, Luke Skywalker deu ao baby Yoda a escolha de enveredar pelo caminho de um padawan/Jedi ou voltar para o seu 'pai'", descreveu Favreau, referindo o papel paternal que Mando (Pedro Pascal) assumiu. "O bebé escolhe voltar para o Mandaloriano, que fica muito contente de o ver e eles são reunificados".
É aí que a audiência encontra a dupla no arranque da terceira temporada, com um Grogu diferente daquele que conhecemos até agora.
"Quando os encontramos outra vez, descobrimos que não só eles estão juntos como Grogu teve algum treino e não já não é o bebé indefeso que era no início", disse Favreau. "Está sob a tutela desta figura paterna e eles estão a construir um relacionamento e a tornarem-se mais como uma família".
Os laços emocionais entre eles atravessam não só a série, mas a base de toda a saga.
"Penso que o perdão e a pertença são temas chave e instintos muito inerentes e profundos que temos, coisas com que nos debatemos como pessoas", afirmou Jon Favreau. "O universo Star Wars sempre lidou com problemas muito humanos com que nos identificamos, coisas maiores que a vida num cenário de aventuras no espaço", notou.
Isso explica, em parte, o sucesso maciço de 'Mandalorian', que foi a primeira série 'spin-off' do universo Guerra das Estrelas e conseguiu um estatuto de culto entre os fãs. Favreau disse, inclusivamente, que a série elevou a popularidade dos outros conteúdos Star Wars disponíveis no Disney+.
"Não havia expectativas quanto a 'Mandalorian', o que lhe deu a oportunidade de ser descoberto", disse o criador. "Tivemos muito cuidado para não mostrar demasiado antes do tempo", continuou, referindo que a estratégia de provocar a curiosidade tem resultado.
Por outro lado, abriu um mundo de novos personagens que interessou a diferentes tipos de audiências.
"Apesar de termos incluído personagens do legado Star Wars à medida que a ação se desenrolou, os espetadores que não têm conhecimento prévio das maquinações que aconteceram na Guerra das Estrelas poderem saltar e ver personagens, narrativas e cenários novos permitiu-nos convidar novas pessoas", afirmou Favreau.
"Em especial jovens que talvez não tivessem visto décadas das histórias Star Wars com que nós crescemos".
Com os conteúdos disponíveis no serviço de 'streaming', as pessoas estão a assistir aos filmes à medida que querem fazê-lo. "Esta videoteca nunca tinha estado disponível para que as pessoas mergulhassem nela", sublinhou o criador. "Quer queiram ver Clone Wars e aprender sobre o sabre negro ou perceber quem é o Luke Skywalker, penso que é um momento único de sinergia", disse.
Fiel à estratégia de secretismo, Favreau não revelou que personagens do universo Star Wars poderão ser vistos nesta terceira temporada, depois da aparição de Mark Hamill como um jovem Luke Skywalker na segunda temporada, com o auxílio de tecnologia para o rejuvenescer. Mas disse que tudo o que aparecer terá de fazer sentido na história.
"Tentamos evitar fazer 'cameos' só por fazer", salientou. "Mesmo a aparição do Luke Skywalker não foi um truque mas um desfecho de algo, que fez sentido para as pessoas que estavam a prestar atenção ao que estava a acontecer naquele período", continuou.
"Como o baby Yoda estava à procura de alguém que o treinasse, percebemos que só havia uma conclusão lógica. A tecnologia estava disponível, o Mark Hamill colaborou connosco e fez sentido", lembrou. "Mas esse não é o propósito em todas as temporadas, ter um 'cameo' alimentado por inteligência artificial. Só vai acontecer se for ditado pela história".
Os fãs podem, ainda assim, esperar boas surpresas. "Gostamos de incluir o máximo que podemos para recompensar as pessoas que são fãs de longa data não só dos filmes Star Wars e das séries animadas mas também do universo alargado, como livros criados por outros contadores de histórias talentosos", disse Favreau.
"Tentamos incorporar muitas coisas. Às vezes criamos coisas novas e noutras fazemos com que o que já existe se encaixe", sublinhou.
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