"Quero ser claro sobre isto: existem perigos biológicos, cibernéticos e sociais", salientou Schmidt durante palestra em Miami.
Schmidt, que foi CEO da Google entre 2001 e 2011, ano em que assumiu a chefia do conselho de administração até 2017, tem sido um defensor de que a IA será benéfica para a ciência e educação, e para os profissionais desses e outros campos, tornando-os mais "capazes e produtivos" ao invés de representar um risco ocupacional.
"Precisamos desses humanos, quero um professor humano, um médico humano e um autarca humano", salientou o fundador da organização filantrópica Schmidt Futures, garantindo que a percentagem que esta tecnologia representa para a extinção da espécie humana "é zero".
O coautor do livro "The Age of AI" [A Era da IA, em português] (2021), ao lado de Henry Kissinger e Daniel Huttenlocher, não está inclinado a aplicar uma pausa no avanço desta tecnologia, mas sim em buscar soluções, juntamente com os governos, para enfrentar os "riscos significativos" que isso acarreta.
Eric Schmidt expressou preocupação, por exemplo, com a possibilidade de que menores e adolescentes estabeleçam um vínculo emocional com um dispositivo de IA, e que este lhes diga "algo imoral, incorreto ou inapropriado".
"Há muitas evidências de que as redes sociais estão a prejudicar os adolescentes, especialmente as meninas", alertou.
Questionado sobre se a IA "é a arma nuclear da nova geração", Schmidt realçou que isso dependerá da "proliferação" destes sistemas, que acabarão por ser mais rápidos que a mente humana e até "começarão a aprender sobre si próprios".
O ex-presidente da Google estima que, no futuro, haverá entre cinco e dez "supercomputadores" no planeta capazes de processar o comportamento humano, e sobre os quais não se sabe até onde poderão ir.
Ainda que estes desenvolvimentos impliquem milhões de dólares e conhecimentos cujas patentes estão muitas nas mãos dos Estados Unidos, alerta que a China está a investir mais dinheiro do que a nação norte-americana e a gerar mais tecnologia neste domínio, pelo que saúda as medidas para dificultar a aquisição pelo gigante asiático de semicondutores.
"Parece que estamos um pouco à frente, um ou dois anos, o que não é muito e eles estão muito determinados em nos alcançar", analisou Schmidt, que durante a administração de Barack Obama (2009-2017) foi membro do Conselho Consultivo de Ciência e Tecnologia dos EUA.
Embora tenha arriscado que em algumas "centenas de anos" a IA será "muito semelhante à mente humana", este executivo não acredita, no entanto, que possa "responder à pergunta sobre o que é a consciência humana".
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