Sam Altman vai regressar ao cargo de diretor executivo da OpenAI, depois de a empresa que desenvolve o ChatGPT ter "chegado a um acordo de princípio" para a sua reintegração, esta quarta-feira.
A empresa, sediada em São Francisco, Califórnia, Estados Unidos, fez o anúncio dois dias depois de funcionários da 'start-up' OpenAI, na sua maioria gestores de topo, terem ameaçado uma demissão coletiva face ao afastamento de Sam Altman, que tinha sido demitido pelo conselho de administração na sexta-feira.
O acordo alcançado, segundo noticia o The Guardian, inclui uma nova direção liderada por Bret Taylor, o antigo co-CEO da empresa de software Salesforce, Larry Summers, antigo secretário do Tesouro dos EUA, e Adam D'Angelo, empresário do sector tecnológico e atual membro do conselho de administração, que desempenhou um papel no despedimento de Altman.
"Chegámos a um acordo de princípio para que Sam Altman regresse à OpenAI como diretor executivo com um novo conselho de administração inicial composto por Bret Taylor (presidente), Larry Summers e Adam D'Angelo. Estamos a colaborar para definir os pormenores. Muito obrigado pela vossa paciência durante este processo", escreveu a OpenAI na sua conta oficial no X, anteriormente conhecido como Twitter.
We have reached an agreement in principle for Sam Altman to return to OpenAI as CEO with a new initial board of Bret Taylor (Chair), Larry Summers, and Adam D'Angelo.
— OpenAI (@OpenAI) November 22, 2023
We are collaborating to figure out the details. Thank you so much for your patience through this.
Altman reagiu logo em seguida: "Amo a OpenAI e tudo o que fiz nos últimos dias foi para manter esta equipa e a sua missão unidas. (...) Estou entusiasmado por regressar à OpenAI".
i love openai, and everything i’ve done over the past few days has been in service of keeping this team and its mission together. when i decided to join msft on sun evening, it was clear that was the best path for me and the team. with the new board and w satya’s support, i’m…
— Sam Altman (@sama) November 22, 2023
Note-se que, em comunicado, na sexta-feira, a administração disse que Altman "não foi consistentemente honesto nas suas comunicações", o que afetou a sua capacidade "de exercer as suas responsabilidades".
"O conselho de administração não confia mais na sua capacidade de continuar a liderar a OpenAI", dizia o comunicado, sem dar mais pormenores sobre a alegada não honestidade de Altman.
Já esta segunda-feira e dias após ser conhecida a demissão, foi anunciado que a Microsoft iria contratá-lo para liderar uma equipa dedicada à Inteligência Artificial.
Altman, de 38 anos, é considerado um visionário da inteligência artificial generativa (tecnologia que cria conversas, textos, áudios, músicas, vídeo).
Tem-se posicionado politicamente. Qualificou Donald Trump uma "ameaça à segurança nacional" dos Estados Unidos e em 2016 criou uma aplicação para incitar os jovens a votar. Em 2019, organizou uma angariação de fundos a favor do candidato democrata Andrew Yand, que propõe um rendimento básico universal que compense a perda de empregos devido à tecnologia.
"Não é complicado. Precisamos de tecnologia para criar mais riqueza e de uma política que a distribua equitativamente", escreveu Sam Altman no seu blog.
Considerou também, em 2021, que o progresso tecnológico dos próximos cem anos "será muito maior do que qualquer coisa alcançada desde que dominámos o fogo e inventámos a roda".
Na semana passada, participou na Cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), em São Francisco, e disse que a inteligência artificial será maior do que "qualquer uma das grandes revoluções tecnológicas" registadas até agora, mas também reconheceu a necessidade de se proteger a humanidade da ameaça futura da inteligência artificial.
Especialistas em computação consideram que isso é uma maneira de desviar as atenções dos problemas que a inteligência artificial já traz na atualidade.
O governo americano está particularmente preocupado com o papel que a inteligência artificial generativa desempenhará durante a campanha eleitoral de 2024. A tecnologia facilita a criação de montagens hiperrealistas ('deepfake') e conteúdos falsos e, portanto, facilita as campanhas de desinformação.
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