Gigantes tecnológicas subsidiam-se com recolha de dados a baixo custo

O coordenador do estudo europeu sobre grandes tecnológicas Sandro Mendonça considerou hoje que a União Europeia não dá a importância devida à propriedade intelectual dos dados quando estas empresas se subsidiam pela recolha de dados a baixo custo.

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Lusa
23/05/2024 14:03 ‧ 23/05/2024 por Lusa

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"A propriedade intelectual sobre dados tem sido colocada em segundo lugar. As grandes tecnológicas são subsidiadas por essa matéria-prima [dados] que recolhem a um custo muito abaixo do seu valor", disse Sandro Mendonça num painel sobre transformação digital na conferência anual da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), hoje em Lisboa.

Sandro Mendonça, professor e economista da Iscte Business School, liderou recentemente um estudo sobre o impacto das 'Big Tech' na Europa até 2040, a convite da Comissão Europeia.

Hoje, na conferência da CMVM, disse que na União Europeia (UE) circulam atualmente duas teses sobre a regulação tecnológica, uma é a de que "há regulação a mais" e outra a de que "o modelo regulatório europeu vai ser referência para o resto do mundo", isto - considerou - quando há países do designado Sul Global, como Índia, Indonésia ou mesmo China, que "querem ter uma palavra a dizer não só sobre as regras como querem ser protagonistas no valor económico das tecnologias" e não seguir o que outros decidem.

O ex-administrador do regulador das comunicações (ANACOM), entre 2018 e 2023, afirmou ainda que a União Europeia investe proporcionalmente pouco em investigação e desenvolvimento pois as cinco maiores tecnológicas (Facebook, Google, Microsoft, Apple e Amazon) investem em investigação e desenvolvimento mais em um ano do que o conjunto dos 27 países da UE em sete anos (a duração de um programa-quadro).

Para Sandro Mendonça, falta uma política industrial na UE, considerando que nos últimos 20 anos a aposta tem sido sobretudo no setor financeiro/bancário, que tem sido protegido, e que deveria haver aposta tecnológica e produtiva. Deu como exemplo a Airbus, a empresa aeroespacial europeia que concorre diretamente com a norte-americana Boeing.

"Aqui temos um exemplo de um consórcio com características de empresa pública europeia que consegue ser alternativa à indústria norte-americana. As decisões em Bruxelas atuam no 'power point', nas diretivas e nas palavras a preto e branco em modo consenso e há demasiada pouca prática, pouca produção", afirmou.

Segundo Mendonça, contribuir para o projeto europeu é também ser-se crítico em relação a Bruxelas e às suas decisões e não aceitar que o crítico seja "etiquetado como anti-Europa".

Para o professor universitário, a UE perante não ter controlo sobre fatores de produção o que está a fazer é tentar ganhar escala pela flexibilização da política da concorrência e por permitir concentrações de empresas, sobretudo na periferia, considerando que os países mais pequenos ficam desfavorecidos face ao maior poder de mercado de menos empresas.

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