No final de 2024, o Ministério da Saúde confirmou a existência de conversações com a portuguesa Sword Health para a implementação de um “projeto piloto” que previa a aplicação de um sistema de Inteligência Artificial (IA) na “atividade de emergência médica”.
No entanto, tudo indica que o sistema em questão não será implementado. O fundador e CEO da Sword Health, Virgílio Bento, partilhou na respetiva página do LinkedIn uma publicação onde não só explicou em que consistia este sistema, como também como foi esta experiência com o INEM.
Bento adianta que o sistema de IA criado pela Sword Health “segue uma árvore de decisão clínica [...] que tem como objetivo fazer uma rápida avaliação da gravidade do problema por forma a acionar o envio da ambulância o mais rapidamente possível”.
O diretor da tecnológica nota que a empresa nunca teve acesso às chamadas gravadas do INEM, indicando que tal era necessário para “perceber a robustez real do sistema”. No entanto, Bento refere que o facto de a Sword Health não ter tido acesso às chamadas tornou "significativamente mais difícil” o desenvolvimento deste sistema.
No entanto, o CEO da Sword Health denota desta experiência com o INEM “uma aversão à mudança patológica” e que também é “impossível conseguir alguma coisa com a camada intermédia de técnicos que estão na mesma posição há 10/20 anos sem conhecimentos básicos”.
“Esses dois ingredientes combinados explicam o estado do sistema de informação que encontrámos”, escreve Bento no LinkedIn.
Virgílio Bento sublinha ainda que, apesar de tudo, ficou bem patente a “abertura, interesse e vontade” não só da ministra da Saúde e do presidente do INEM, como também dos “técnicos que executam o trabalho”. Mais ainda, considera que os técnicos de emergência médica são as “verdadeiras vítimas disto tudo”.
“Surpreende-me como temos empresas portuguesas líderes em sistemas críticos como a Critical Software, mas dependemos de técnicos do Estado sem conhecimento ou de empresas que parasitam o sistema”, escreve o líder da Sword Health. “Gostaríamos que fosse uma realidade no INEM, mas a integração não depende de nós. Se acontecer, vai melhorar o sistema de emergência”.
Ao Notícias ao Minuto, a Sword Health indicou que, "de momento, não temos mais a acrescentar" ao exposto por Virgílio Bento.
Já ao Expresso, a comissão de trabalhadores do INEM reconhece a necessidade de melhorias no sistema, mas diz ser “absolutamente falsa” a situação descrita por Virgílio Bento e que faz “querer parecer" que os trabalhadores do Instituto são “ineficazes”.
O Notícias ao Minuto também tentou entrar em contacto com o INEM, mas, até ao momento, não foi possível obter respostas. Contudo, à Lusa, o Instituto assegurou que os seus sistemas de informação são fiáveis e robustos, alegando que têm conseguido responder a mais de 1,5 milhões de chamadas telefónicas anualmente.
De acordo com o instituto, o sistema do INEM está assente em soluções "garantidas por empresas multinacionais, devidamente certificadas", que asseguram o acompanhamento e a manutenção permanente do mesmo.
[Notícia atualizada às 19h47]
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