Los Angeles Times criticado por uso de IA em artigos de opinião

O Los Angeles Times, um dos maiores diários norte-americanos, revelou segunda-feira que vai passar a utilizar a inteligência artificial (IA) para gerar contra-argumentos a artigos de opinião publicados, decisão criticada por muitos leitores.

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Lusa
04/03/2025 08:01 ‧ há 3 horas por Lusa

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Inteligência Artificial

O proprietário do diário de referência da costa oeste dos Estados Unidos, Patrick Soon-Shiong, anunciou numa carta aos assinantes que todos os artigos de opinião serão agora rotulados com a etiqueta "Voices" ("Vozes"), também usada quando um artigo essencialmente factual for "escrito de um ponto de vista pessoal".

 

Quando a etiqueta é aplicada, serão adicionados ao artigo comentários gerados por IA, com "diferentes opiniões sobre o assunto, provenientes de várias fontes" dando "perspetivas adicionais aos leitores", segundo o bilionário proprietário do Los Angeles Times.

A decisão surge após uma vaga de despedimentos no jornal, que se debate problemas financeiros, e numa altura em que o regresso à Presidência de Donald Trump, fortemente crítico de empresa não alinhada com as suas políticas, está a abalar a linha editorial de alguns meios de comunicação social de referência norte-americanos, como o Washington Post.

"Acredito que a oferta de pontos de vista mais diversificados apoia a nossa missão jornalística e ajudará os leitores a navegar pelas questões que a nossa nação enfrenta", justificou Soon-Shiong.

O jornal debate-se com a queda das receitas de publicidade e com a erosão da base de assinantes.

O anúncio do bilionário gerou imediatamente controvérsia e foi criticado por muitos leitores em comentários online.

Alguns defenderam que, para justificar o pagamento das assinaturas, o jornal deveria contratar bons profissionais capazes de escrever artigos bem pesquisados, em vez de publicar opinião de IA, um serviço disponível gratuitamente online.

Outros equipararam a decisão à de Jeff Bezos, bilionário proprietário do Washington Post, que decidiu na semana passada que as páginas de opinião do jornal passariam a centrar-se na defesa das "liberdades individuais" e da economia de "mercado livre".

"Bem-vindo ao Pravda no Pacífico", ironizou um leitor do LA Times.

Numa medida amplamente interpretada como forma de agradar a Donald Trump, Bezos anunciou que as páginas de opinião do jornal deixarão de publicar pontos de vista contrários à defesa das "liberdades individuais" e da economia de "mercado livre", decisão levou à demissão do editor de opinião, David Shipley.

A decisão do fundador da Amazon, pouco habitual para um jornal com a reputação do Washington Post, inscreve-se numa mudança para uma maior interferência de Bezos nas decisões do jornal que comprou em 2013.

O bilionário, cada vez mais alinhado com as posições de Donald Trump, esteve em destaque na tomada de posse do republicano, depois de ter feito uma doação de um milhão de dólares para a investidura, tal como outros proprietários de grandes empresas tecnológicas.

Antes das eleições de novembro, Bezos impediu o Washington Post de declarar apoio à candidata democrata Kamala Harris durante a campanha eleitoral. Foi a primeira vez em décadas que o jornal da capital norte-americana não apoiou um candidato presidencial.

O diário, que teve uma linha editorial muito dura em relação a Trump no seu primeiro mandato (2017-2021), apoiou Hillary Clinton em 2016 e Joe Biden em 2020, ambos democratas.

Leia Também: Um dos 'pais da IA' diz que as ferramentas serão cada vez mais baratas

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