Na operação, coordenada por Espanha, agentes de cinco países europeus identificaram 209 pessoas, na maioria da extrema-direita e da esquerda radical, pela sua participação em crimes graves relacionados com a disseminação de discursos de ódio violentos, incitamento à prática de tais crimes e ameaças de morte, feitas presencialmente e através das redes sociais, fóruns virtuais e outras plataformas digitais.
"Algumas das pessoas estão ligadas ao extremismo de motivação religiosa, ao passo que outras incitaram à violência contra políticos, contra o sistema político e comunidades específicas", afirmou a Agência da União Europeia de Cooperação Policial (Europol) num comunicado.
As autoridades espanholas, francesas, italianas, alemãs e austríacas participaram nesta operação coordenada a partir de Espanha pelo Gabinete Nacional contra os Crimes de Ódio (ONDOD).
Os agentes alemães efetuaram 65 buscas domiciliárias e interrogaram 54 pessoas, enquanto os franceses identificaram 72 pessoas por diversos crimes, como a utilização de armas e de simbologia proibida de organizações terroristas, a difusão de propaganda, o incitamento público à prática de crimes e a difamação de políticos.
Um exemplo de crimes não-relacionados com a Internet ocorreu em França, onde as autoridades tomaram medidas contra um indivíduo que tinha como alvo homens homossexuais, marcando encontros com eles para os burlar e lhes roubar dinheiro.
Em Itália, foi investigado um indivíduo que incitava outras pessoas a cometer crimes difundindo propaganda racista, xenófoba e supremacista.
Em Espanha, as autoridades detiveram duas pessoas por atos criminosos contra comunidades vulneráveis, e mantêm outras duas sob investigação por violência motivada pelo ódio, cujo resultado foram alegadas lesões corporais.
Os responsáveis dos países participantes na operação europeia também realizaram várias rusgas e apreenderam aparelhos eletrónicos, telemóveis, armas e material de propaganda.
Os resultados desta operação foram divulgados no mesmo dia em que, em Bruxelas, o Conselho Europeu se declarou "seriamente preocupado" com o aumento de incidentes antissemitas, islamofóbicos, racistas e xenófobos e apelou para a rápida aplicação de estratégias para combater tais flagelos.
De acordo com as conclusões da última reunião do Conselho de 2023, divulgadas hoje à tarde, os 27 Estados-membros da União Europeia (UE) afirmaram-se "seriamente preocupados com os mais recentes incidentes alarmantes".
"O Conselho reitera a sua condenação da maneira mais forte possível de todas as interações de antissemitismo e ódio, intolerância, racismo e xenofobia, incluindo o ódio contra muçulmanos", acrescentaram os chefes de Estado e de Governo da UE, no final de uma cimeira de dois dias, em que participou o primeiro-ministro português, António Costa.
Os líderes insistiram na necessidade de implementar o Plano de Ação Antirracista da UE e a estratégia anunciada para combater o antissemitismo, "essencial para a segurança das comunidades judaicas".
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